São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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Saída do Iraque começa em meses, diz Blair

Segunda força estrangeira hoje no país, Reino Unido deve retirar até 2.100 de seus soldados neste ano e manter 5.000

Premiê evita fixar datas, mas analistas crêem que operação vá ocorrer em maio, quando trabalhista deve deixar seu posto

DA REDAÇÃO

Principal aliado norte-americano na Guerra do Iraque, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, anunciou ontem o início da retirada das tropas britânicas que estão no país, como havia adiantado a imprensa britânica.
Em seu discurso semanal no Parlamento, Blair afirmou que 1.600 soldados voltarão ao Reino Unido nos próximos meses, sendo que 500 outros devem deixar o Iraque até o fim do verão setentrional (setembro).
Com 7.100 militares hoje no Iraque, o Reino Unido é a segunda força militar estrangeira naquele país. As tropas de ocupação já chegaram a ter 9.000 britânicos em 2004 e 2005, contingente que vem sendo reduzido gradativamente. Mas esta é a primeira vez que Londres anuncia formalmente a saída de uma parcela significativa de seus soldados.
Os americanos, por sua vez, mantêm no Iraque 132 mil soldados e pretendem enviar mais 21,5 mil, sob a nova estratégia de George W. Bush para o país.
Blair enfatizou, no entanto, que parte das tropas britânicas será mantida em 2008. "A presença militar do Reino Unido [no Iraque] continuará em 2008, pelo tempo que formos necessários", disse.
A Província iraquiana com maior presença britânica é Basra, no predominantemente xiita sul do país. A área -menos violenta do que a capital e o oeste- é o principal pólo petroleiro iraquiano, e o comando da segurança local já foi transferido para o governo em Bagdá.

Legado
Embora Blair não tenha determinado a data do início da retirada, analistas acreditam que ela será próxima da saída do premiê do governo -ele já anunciou que deixará o posto neste ano, e especialistas crêem que isso ocorra em maio.
A decisão de retirada parcial pode ser vista como uma tentativa de deixar um legado mais positivo ante a queda da popularidade do premiê. Entre os motivos da rejeição a Blair estão o fato de a maioria dos britânicos ser contra a permanência no Iraque e um escândalo envolvendo a venda de títulos na Câmara dos Lordes.
Pesquisa de opinião divulgada anteontem pelo jornal "Guardian" apontava os trabalhistas de Blair 13 pontos percentuais atrás dos conservadores na corrida ao Parlamento.

Coalizão
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, saudou a decisão dos britânicos e afirmou, na rede de TV ABC japonesa, que ela é "uma confirmação do fato de que, em partes do Iraque (...), as coisas estão indo muito bem".
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que a saída dos britânicos deixa "a coalizão intacta". Blair já havia falado ao telefone com Bush na véspera sobre o tema.
A Dinamarca, que tem cerca de 470 soldados no país do Oriente Médio, anunciou que até agosto terá apenas 55.
O terceiro país da coalizão é hoje a Coréia do Sul, com 2.300 soldados, seguido por Polônia e Austrália, com 900 cada. A Geórgia tem 800 soldados.


Com agências internacionais


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