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EUA usaram solo britânico para transporte ilegal de suspeitos
Reino Unido admite que aeronaves com supostos terroristas detidos em terceiros países pousaram duas vezes em base no Índico, para reabastecimento
JAMES BLITZ
DO "FINANCIAL TIMES"
O governo britânico disse
que o território do país foi usado duas vezes para o pouso de
vôos de "transporte especial de
prisioneiros" dos Estados Unidos, a despeito das garantias
anteriores de que isso não havia acontecido.
Em declaração ao Parlamento do país, o chanceler David
Miliband afirmou que, em duas
diferentes ocasiões, em 2002,
vôos americanos transportando suspeitos de terrorismo fizeram paradas de reabastecimento em uma base aérea em
Diego Garcia, território britânico no oceano Índico.
Miliband disse que, em 15 de
fevereiro, funcionários do governo dos EUA haviam informado às autoridades britânicas
sobre os vôos, que foram realizados a despeito das garantias
em contrário oferecidas pela
Casa Branca. Ele afirmou que
"lamentava muito" que informações anteriormente fornecidas por ministros britânicos tenham sido incorretas.
O governo havia insistido em
repetidas ocasiões que não estava ciente do uso de qualquer
território britânico para transferência de suspeitos de terrorismo à margem dos procedimentos formais de extradição,
desde a posse do presidente
George W. Bush, em 2001.
De acordo com o chanceler,
nenhum dos dois prisioneiros
era cidadão ou residente do
Reino Unido e que um deles
continua detido em Guantánamo e o outro foi libertado.
Ele afirmou que a secretária
de Estado americana, Condoleezza Rice, compartilhava da
sua preocupação em relação ao
caso. "Nós dois concordamos
que os erros cometidos em ambos os casos não são aceitáveis,
e ela compartilha do meu profundo pesar quanto à informação que acaba de ser revelada a
respeito desses incidentes."
Miliband afirmou que Rice
havia "enfatizado em conversa
comigo a firme compreensão
dos EUA de que não pode haver, sem permissão expressa do
governo britânico, transporte
de suspeitos pelo território e
espaço aéreo do Reino Unido
propriamente dito e de suas
possessões ultramarinas".
O governo do Reino Unido
sempre insistiu em que não havia provas que sugerissem que
aviões da CIA, a agência de inteligência norte-americana,
haviam feito escala em territórios sobre o controle do país, a
despeito de um exemplo de vôo
desse tipo ter sido citado em
um relatório de 2006 sobre 14
países europeus envolvidos em
práticas semelhantes.
A CIA admitiu ontem que os
dois vôos de transporte de prisioneiro haviam sido reabastecidos em solo britânico. Michael Hayden, o diretor da
agência, afirmou em mensagem a funcionários da organização que as informações anteriormente transmitidas ao Reino Unido "estavam erradas".
Vôos de "transporte extraordinário de prisioneiros" começaram a ser realizados após os
ataques terroristas do 11 de Setembro, em 2001. Posteriormente, forças militares norte-americanas ajudaram na derrubada do governo do Taleban,
no Afeganistão.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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