São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 2009

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Parceria com Brasil passa por redefinição

DO ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

A parceria estratégica entre o Brasil e a África do Sul dos últimos anos, bancada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-presidente Thabo Mbeki (1999-2008), enfrentará um momento definidor quando o comando passar para as mãos de Jacob Zuma.
"Já passou o momento de ficarmos repetindo o quanto temos em comum em termos históricos e culturais. A hora é de buscar maior implementação de políticas de integração", afirma Lindiwe Zulu, embaixadora sul-africana no Brasil entre 2004 e janeiro passado, quando assumiu o cargo de porta-voz do partido do governo.
O embaixador brasileiro em Pretória, José Vicente Pimentel, vê uma "lua-de-mel" entre os dois países. Ele listou nada menos do que 16 encontros entre Lula e Mbeki em menos de cinco anos. Mas concorda que a integração ainda é pequena, apesar de crescente.
"Uma corrente de comércio de menos de US$ 3 bilhões por ano ainda não é o que gostaríamos", diz ele. "Não é só comércio. Vem aí uma Copa na África do Sul, em 2010, e depois no Brasil, em 2014. Tem de haver joint ventures na organização dos dois eventos", afirma.
Segundo Mari-Lise du Preez, do Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais, os dois países são parceiros naturais.
"São duas potências regionais com muitos interesses em comum, principalmente na reforma das instituições internacionais", afirmou.

Ibas
Em 2006, os dois países, ao lado da Índia, criaram um fórum permanente, o Ibas (batizado com as iniciais dos seus componentes). Na diplomacia brasileira, o grupo é apontado como um marco na estratégia "sul-sul", de aproximação com os pobres.
Existe uma vaga ambição de fazer dele uma futura área de livre comércio, mas, por enquanto, o fórum não é muito mais do que um espaço para discussões e a assinatura de acordos de cooperação técnica. "O ideal seria partirmos para uma coisa mais ampla, porque ficar discutindo produto a produto é uma pedreira. Mas há resistências em setores dos dois países", afirma Pimentel.
Uma das grandes expectativas, segundo a ex-embaixadora sul-africana, é quanto ao relacionamento pessoal entre Lula e Zuma. Os dois devem se encontrar ainda neste ano. "São ambos ex-líderes sindicais que nasceram na pobreza. A conexão será imediata." (FZ)


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