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TRANSIÇÃO
Eleito quer negociar dívida
"Argentina pode viver sem FMI", diz Kirchner
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O presidente eleito da Argentina, Néstor Kirchner, deu sinais de
que não pretende ceder a todas as
exigências do FMI (Fundo Monetário Internacional) para conseguir a assinatura de um novo acordo. Kirchner disse ter a intenção de reestruturar a dívida desde
que seu pagamento não prejudique a retomada dos investimentos e a recuperação da economia.
"A Argentina tem demonstrado que consegue viver sem o Fundo.
Não há motivos para se angustiar com a proximidade dos vencimentos da dívida," disse Kirchner em entrevista ao jornal "Clarín".
Para Kirchner, as negociações
precisam ser retomadas, mas não
devem ser conduzidas de forma
dramática. "Precisamos ter uma
reprogramação que permita a
volta do funcionamento viável do
país," afirmou.
No final do ano passado, a Argentina assinou um acordo provisório com o Fundo, cuja revisão já deveria ter sido divulgada por
uma missão da instituição. O
atraso, segundo operadores do
mercado financeiro local, pode
ser um sinal de que o Fundo não
concorda com algumas das medidas que devem ser anunciadas em
breve pelo ministro Roberto Lavagna (Economia). Entre elas está
a criação de um mecanismo de
controle do capital especulativo.
Lavagna também pretende reprogramar o vencimento da dívida com os organismos multilaterais de crédito para os próximos
três anos. Em contrapartida, o
Fundo exige uma reforma no sistema bancário e o estabelecimento de uma meta de superávit primário -diferença entre receitas e
gastos do governo- de 2,5% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Kirchner terá hoje a sua primeira reunião com os ministros que
escolheu. Alberto Fernández, que
será chefe de gabinete, adiantou
que a sua função no governo será
a busca de consensos, não somente entre os ministérios, mas também no Congresso.
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