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Estrangeiros comandam os distúrbios, diz governo do Irã
Europa sobe o tom, e Merkel pede recontagem total
DA REDAÇÃO
Autoridades iranianas acusaram ontem os países ocidentais
de "interferir" em assuntos internos do Irã e de serem os verdadeiros responsáveis por fomentar os atuais protestos da
oposição, com o objetivo de
derrubar o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Um porta-voz do Ministério
das Relações Exteriores afirmou que a "Voice of America",
rádio financiada pelos EUA, e a
britânica BBC eram os "postos
de comando dos distúrbios".
Ao mesmo tempo, a chanceler (premiê) alemã, Angela
Merkel, pediu recontagem total dos votos da contestada eleição de 12 de junho. Países europeus negaram as acusações dos
iranianos e exortaram Teerã a
abrir mão da violenta repressão
que vem praticando contra os
protestos da oposição.
O primeiro ataque de ontem
às potências ocidentais por
parte dos iranianos veio do ministro das Relações Exteriores,
Manoucher Mottaki, que após
convocar os diplomatas europeus pela manhã, acusou França, Alemanha e Reino Unido de
tentarem aproveitar as eleições
presidenciais para tentar derrubar o regime estabelecido
com a Revolução Islâmica.
Segundo Mottaki, "o Reino
Unido preparava um complô
contra a eleição presidencial do
Irã há mais de dois anos". O ministro afirmou ter informações
de que "pessoas relacionadas
com a inteligência britânica
aportaram em massa no país
logo antes da eleição".
O interesse da diplomacia
britânica, ele disse, é perturbar
a paz no Oriente Médio para
"proteger o Estado sionista",
em referência a Israel.
Para Ahmadinejad, que se
manifestou de forma mais moderada que seu ministro, EUA e
Reino Unido devem "corrigir a
sua atitude intervencionista".
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David
Miliband, rechaçou as acusações, afirmando que países estrangeiros nada têm a ver com
os protestos de cidadãos iranianos que acusam o governo de
ter fraudado as eleições.
A chanceler alemã disse que
seu país, na verdade, está "do
lado do povo iraniano, que deseja exercer seu direito de liberdade de expressão".
Em entrevista, o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, disse
que a repressão no Irã é "indesculpável", e que o governo local,
"depois de ter conduzido seu
povo ao isolamento internacional, agora lhe tira direitos democráticos elementares".
Já o presidente americano,
Barack Obama, que tem procurado não se manifestar sobre o
tema específico da suposta
fraude na eleição, repetiu ontem as acusações que fizera na
véspera à forma "violenta e injusta" com que Teerã tem reprimido as manifestações.
Ele tem sido criticado por sua
"timidez" por republicanos,
mas recebeu apoios ontem de
integrantes democratas do Legislativo, que disseram ser correta a posição de não intervenção adotada pelo presidente.
O senador Christopher Dodd
argumentou que um apoio
aberto de Obama à oposição
iraniana poderia prejudicar o
próprio esforço dos reformistas, dando motivos para ataques do regime islâmico contra
a "interferência" externa.
Menos cautelosos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, se manifestaram ontem sobre o Irã, em direções opostas.
Para Netanyahu, a "verdadeira
natureza do regime foi desmascarada graças aos atos de valentia" da oposição.
Chávez pediu "ao mundo"
que "respeite o Irã". Segundo
ele, está em curso uma tentativa de se abalar "a fortaleza da
Revolução Iraniana".
Com agências internacionais
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