São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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"Times" rejeita texto de McCain sobre Iraque

DE WASHINGTON

A viagem de Barack Obama ao Oriente Médio e à Europa ajudou a provocar uma nova "guerra na imprensa" americana. A começar pela protagonizada por seu oponente, John McCain. Na semana passada, o senador republicano enviou texto sobre a Guerra do Iraque para o "New York Times", que publicara artigo do democrata sobre o mesmo assunto alguns dias antes.
Ontem, a campanha de McCain divulgou que o texto havia sido rejeitado e o enviou ao site "Drudge Report", que o colocou no ar. No texto de Obama, o democrata delineava seu plano para dar fim ao conflito no Iraque e falava de sua estratégia para o Oriente Médio em geral. McCain tratou o seu texto mais como uma réplica ao de Obama, com muitos ataques mas poucas propostas.
O editor de opinião do "Times" respondeu que o jornal achava ótimo publicar o texto, desde que ele tivesse algumas partes reescritas. "Para isso, o artigo teria de dizer em termos concretos como McCain vê a vitória no Iraque", disse David Shipley. Quando o caso veio a público, Tucker Bounds, um porta voz da campanha de McCain, afirmou que o senador não mudaria seu plano para o Iraque "para se conformar às políticas do "Times"."
Bounds acredita que há parcialidade na mídia norte-americana a favor do democrata. Levantamento recente do Tyndall Report confirma sua impressão, pelo menos na TV aberta e considerando o espaço dedicado. Entre junho e julho, diz o relatório dirigido ao mercado televisivo, Obama mereceu 114 minutos de cobertura -positiva ou negativa-dos três principais telejornais norte-americanos, ante 48 minutos para McCain.

"New Yorker" de fora
Outra batalha teve a campanha de Obama como protagonista. Dos cerca de 200 jornalistas do mundo inteiro que fizeram pedidos para acompanhar o senador, 38 foram atendidos. Entre os recusados está o repórter da "New Yorker" em Washington, Ryan Lizza.
Ele é autor de longa reportagem sobre os anos do senador em Chicago publicada na edição da semana passada da revista semanal, que trazia na capa um desenho satírico com Obama vestido de muçulmano, e sua mulher, de guerrilheira, num Salão Oval com um quadro com Osama bin Laden na parede e a bandeira americana queimando na lareira.
A campanha respondeu dizendo que o corte não foi represália, mas falta de espaço para atender a todos os pedidos. A justificativa não convenceu analistas de mídia, que lembraram que a revista é uma das mais prestigiosas semanais dos EUA, com circulação de 1,3 milhão e larga tradição de cobertura tanto política quanto da Guerra do Iraque. (SD)


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