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GASTRONOMIA
Governo diz que, em defesa da culinária italiana, planeja dar selo a restaurantes italianos "autênticos" fora do país
Itália quer certificar restaurante no exterior
DAVID BROUGH
DA REUTERS, EM ROMA
Cansada da pirataria de seus
melhores vinhos e sua melhor cozinha, o governo da Itália (centro-direita) pretende conferir um certificado a restaurantes que considere como italianos "autênticos"
em todo o mundo, para defender
sua culinária.
O plano faz parte de um esforço
lançado pelo Ministério da Agricultura para melhorar a qualidade
da comida ""made in Italy".
""Estamos ajudando o governo a
traçar normas referentes a cardápios, ingredientes e qualidade de
atendimento nos restaurantes italianos no exterior", disse à Reuters Edi Sommariva, diretor-geral
da Fipe, a federação italiana de
proprietários de restaurantes. Ele
estima que menos de 10 mil dos
mais de 70 mil restaurantes que se
dizem italianos fora da Itália sirvam pratos que seguem as melhores tradições do país.
Inspetores vão fiscalizar os restaurantes no exterior para assegurar que estejam dentro dos padrões da marca registrada. Mas
Sommariva disse que não será fácil aplicar as normas, já que a adesão a elas é voluntária, e a fiscalização será restrita a um número
limitado de países.
Para ter o selo de autenticidade,
o restaurante terá de ter pratos
preparados por chefs italianos ou,
pelo menos, por chefs formados
numa escola de cozinha italiana.
Sommariva, cuja federação representa os 60 mil restaurantes da
Itália, disse que as casas que não
satisfazem os padrões da cozinha
italiana estão enganando seus
clientes. ""Muitas pessoas pensam
que estão comendo comida italiana, mas não estão", disse ele. ""Esses restaurantes negam a seus clientes a imagem correta da cozinha italiana."
Patrulha da massa
""Centenas de restaurantes italianos são criados diariamente em
todo o mundo, mas, na maioria dos casos, a única coisa de realmente italiana que possuem é o nome ou a bandeira tricolor exposta do lado de fora", disse o ministro da Agricultura, Giovanni Alemanno.
A Itália já confere marcas registradas a seus melhores produtos
culinários. Um dos alimentos
protegidos por marca registrada
são o queijo parmesão -ingrediente-chave dos pratos italianos
mais clássicos, comercializado exclusivamente pelo consórcio Parmigiano Reggiano- e o presunto
de Parma, um produto regional
feito de porcos nascidos, criados e
abatidos na Itália.
O governo se queixa de que a
Itália perde centenas de milhões
de dólares devido à pirataria de
seus alimentos protegidos por nomes de marca. Dezenas de exemplos de imitações de produtos italianos proliferam no mundo, como o queijo alemão vendido sob
o nome de ""cambonzola", que
soa italiano, o ""parmesão" neozelandês.
As marcas registradas são concedidas a produtos que possuem
determinados ingredientes e seguem determinados processos de
produção. Pela lei italiana, por
exemplo, as massas precisam ser
feitas de trigo de grão duro. Em
outros países europeus, elas às vezes são produzidas com trigo
mais macio e pegajoso.
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