São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Presos eram cidadãos israelenses de origem árabe e são acusados de atentados que mataram 35 pessoas

Israel diz que desmantelou célula do Hamas

Reuters
Hamzah Oudeh mostra foto do pai, Muhammad, preso em Israel


DA REDAÇÃO

Israel prendeu cinco membros do grupo extremista palestino Hamas suspeitos de uma série de atentados à bomba responsável pela morte de 35 pessoas. Entre os atentados estão incluídos o à Universidade Hebraica de Jerusalém no início do mês, que deixou nove mortos, e o ataque ao café Moment, também em Jerusalém, que deixou 11 mortos em março.
Os presos eram cidadãos israelenses de origem árabe de Jerusalém portando documentos válidos de Israel. Entre eles estava Muhammad Oudeh, 29, um pintor de paredes que morava em Jerusalém Oriental e trabalhava para uma empreiteira que prestava serviços para a universidade.
Oudeh pulou a cerca do campus na noite anterior ao ataque e escondeu a bomba atrás de um arbusto. No dia seguinte, entrou normalmente na universidade, usando a sua credencial de empregado, e colocou a bomba no refeitório, frequentado por estudantes estrangeiros. A detonação teria sido feita por meio de um telefone celular, à distância.
O pintor continuou a usar como acobertamento o emprego na empreiteira israelense. No dia seguinte ao atentado, ele foi trabalhar normalmente.
Depois de preso, Oudeh disse que sentia muito pelo que tinha feito e pelas mortes que havia causado. Segundo as autoridades israelenses, nenhum dos outros presos expressou remorso pelas mortes, dizendo inclusive que se sentiam orgulhosos pelo ataque.
Samr Oudeh, irmão de Muhammad Oudeh, negou que o pintor estivesse envolvido em uma militância contínua no Hamas.
"Ele ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Ele não tem nada a ver com qualquer outra coisa. Eu refuto as acusações que os israelenses vêm fazendo contra ele", disse ele ao jornal "Haaretz".

Célula
Segundo o Shin Bet (serviço de segurança interna de Israel), a célula terrorista desmantelada pode ter começado sua campanha no início da atual Intifada (levante palestino), em setembro de 2000. O grupo teria inicialmente 15 membros.
Israel disse que os terroristas foram presos na noite de sábado, quando preparavam um novo atentado na região central do país, mas as autoridades só divulgaram o caso ontem. Um dos presos foi surpreendido numa blitz, quando se dirigia para o local do ataque.
A bomba que o grupo havia escondido na estrada que liga Jerusalém a Tel Aviv foi achada pela polícia e detonada.
O governo discute agora que medidas tomar em relação aos cidadãos de Jerusalém de origem árabe envolvidos em atos de violência terrorista. "Remover suas cidadanias, cancelar seus pagamentos previdenciários e destruir suas casas", defendeu Gideon Ezra, vice-ministro da Segurança Pública.

Violência continuada
Um palestino de 24 anos foi morto por estilhaços durante uma ação do Exército de Israel. Os soldados explodiram dois prédios altos no campo de refugiados de Khan Yunis, sob a alegação de que eles poderiam ser usados por franco-atiradores para alvejar assentamentos judeus próximos ao local. A explosão danificou oito casas próximas, deixando cerca de cem palestinos sem teto, disseram palestinos.
Na terça-feira, um atirador do Hamas matou um soldado que fazia a proteção dos assentamentos.

Com agências internacionais


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