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Chávez ataca governador que rompeu com governo
Venezuelano usa militares para fechar duas emissoras de rádio do rival político
Dirigente de Guárico deixou partido governista ao ter filha preterida por chavista em primárias para eleições regionais de novembro
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Num sinal de que a Venezuela se aproxima de mais uma
tensa jornada eleitoral, o governo Hugo Chávez fechou nesta
semana duas emissoras de rádio e ameaçou uma intervenção militar no Estado de Guárico (centro), controlado pelo ex-aliado Eduardo Manuitt.
Chamado de "traidor" e
"contra-revolucionário" por
Chávez, Manuitt foi expulso
em junho do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) ao
alegar irregularidades nas primárias em que sua filha Lenny,
que pretendia se candidatar ao
governo de Guárico, foi derrotada pelo ex-ministro das Comunicações Willian Lara, próximo a Chávez.
As declarações do presidente
venezuelano contra Manuitt
atingiram o ápice na segunda,
quando acusou o governo estadual de usar a polícia com fins
políticos. "Não permitirei que
esta polícia seja usada contra o
povo nem contra os funcionários do governo", disse, em comício ao lado de Lara. "Manuitt
é um Judas, e sua filha, igual."
Horas depois, funcionários
da Conatel (Comissão Nacional
de Telecomunicações) acompanhados por soldados confiscaram equipamentos das emissoras de Guárico, Rumbera
Network 101.5 e Llanera 91.3
FM. As duas estão fora do ar.
Este é o terceiro episódio
nesta semana em que o governo Chávez usa militares em
operações do governo. Na mesma segunda, membros da
Guarda Nacional apoiaram o
confisco de 1,6 tonelada de arroz de um supermercado acusado de vender o produto fora
da tabela. Na terça, militares
ocuparam instalações da cimenteira Cemex, que não chegou a um acordo para a venda
de suas fábricas ao Estado.
De Pequim, Manuitt disse
que o fechamento das emissoras é retaliação política. "Quero
denunciar a intervenção nessas
emissoras, que não se uniram à
campanha de Lara."
A Conatel afirmou que as
duas emissoras estavam funcionando sem autorização e
têm 15 dias para regularizar a
sua situação.
Andrés Cañizález, pesquisador do Centro de Investigação
da Comunicação (CIC) da Universidade Católica Andrés Bello (Ucab), afirma que dezenas
de rádios do país funcionam irregularmente com tolerância
oficial. "É um alerta de que isso
pode ocorrer em locais do interior onde os meios de comunicação têm uma dependência
muito maior do governo."
Marcadas para 23 de novembro, as eleições regionais renovarão praticamente todos os
governadores e prefeitos da Venezuela, hoje majoritariamente pró-governo. Uma vitória
convincente é considerada fundamental para Chávez, que espera relançar a proposta da reeleição indefinida, derrotada em
referendo no ano passado.
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