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Longo processo de apuração depende de burros
DO ENVIADO A CABUL
A grande discrepância dos
números entre candidatos e a
consequente relutância das autoridades eleitorais de falar em
números se explicam pelo bizantino processo de apuração
afegão.
Uma vez encerrada a votação, cada seção eleitoral abriu
suas urnas e esparramou no
chão as cédulas (do tamanho de
duas folhas de papel A4) para a
contagem.
Encerrada a contagem, os
mesários escrevem o resultado
à mão em duas fichas. Uma é
colada na parede do lado de fora da sala de votação, e outra é
jogada dentro da urna com todos os votos daquela seção.
Lacrada, a urna segue para a
Central de Apuração de Cabul.
Se houver queixas específicas
de candidatos sobre seções, o
que pode ocorrer nas próximas
duas semanas, as urnas estarão
à disposição para checagem.
Imagine isso com 95 mil caixas espalhadas por um país
com desertos, vales e muitas,
muitas montanhas. Não é casual que 3.000 burros tenham
sido alugados para levar e trazer urnas a cantos remotos do
nordeste afegão.
Assim, os resultados do país
todo serão somados em Cabul,
com a primeira parcial sendo
divulgada na terça que vem, a
parcial final no dia 3 de setembro e o resultado consolidado,
após checagem de queixas, no
dia 17 do mês que vem.
O processo todo pode ser
acompanhado por fiscais dos
candidatos e observadores domésticos ou internacionais.
Naturalmente, não há gente
para 6.199 pontos de votação
em locais com graus de segurança sempre variando de aceitáveis a impraticáveis.
À Folha, candidatos reclamaram de dificuldade de acesso e suposta fraude. "Fiscais
meus não puderam nem entrar
na sala de votação na região
sul", afirmou Abdullah Abdullah. "Na seção onde eu fui votar com 12 pessoas da minha
família, tive apenas três votos.
Como pode isso?", disse o minoritário Sarwar Ahmedzai.
Descontando um descontentamento familiar em massa,
sua queixa faz sentido. Em outra escola, essa na rua de sua
casa no distrito cabulita de
Kart-e-Char, Amhedzai não
aparece como votado em uma
das seções e ganha dois votos
em outra. "Minha família mora
nesse bairro, oras", diz.
(IG)
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