São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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Pentágono estoura gastos e já usa fundo de emergência para combate

Faleh Kheiber/Reuters
Menino ferido em atentado cobre o rosto em hospital de Bagdá


ADAM ENTOUS
DA REUTERS

O Pentágono começou a utilizar seu fundo de emergência para a Guerra do Iraque, de US$ 25 bilhões, para se preparar para uma importante rotação (revezamento) de tropas e para combates intensos em breve, disseram autoridades americanas ontem, apesar da insistência inicial da Casa Branca de que tinha dinheiro suficiente.
O Pentágono já gastou mais de US$ 2 bilhões do fundo, conhecido como seu "fundo de reservas de contingência". Autoridades disseram que o dinheiro está sendo usado para intensificar a produção de veículos militares blindados para uso na rotação de tropas, para a aquisição de proteções corporais para os soldados e para aumentar os suprimentos de combustível.
A decisão de usar os US$ 25 bilhões da reserva para o Iraque ressalta a crescente preocupação da administração com relação ao aumento da violência antiamericana no Iraque. Num primeiro momento, a Casa Branca dissera que o Pentágono dispunha de "recursos muito amplos" e não precisaria de verba adicional até bem depois da eleição presidencial de novembro.
A decisão se segue ao anúncio, feito na semana passada, de que o presidente George W. Bush planeja desviar quase US$ 3,5 bilhões das obras de reconstrução do Iraque, incluindo projetos de água e energia elétrica, num esforço para aumentar a segurança.
"Como sempre dissemos, nossas tropas em campo terão o que precisarem, quando precisarem", disse Chad Kolton, do Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca.
Nesta semana, o candidato presidencial democrata, John Kerry, acusou Bush de esconder planos de convocar mais integrantes da reserva e da Guarda Nacional após a eleição. A campanha de Bush qualificou a alegação de Kerry como "falsa e ridícula", e funcionários da administração disseram que o Pentágono decidiu fazer uso do fundo de reserva porque, com o ano fiscal quase no fim (termina em 30 de setembro), o nível dos recursos está baixo.
Assessores do Congresso e analistas de defesa disseram que o uso dos fundos de reserva pode representar um indício de que o dinheiro do Pentágono vai chegar ao fim em menos tempo do que a Casa Branca previa. Mesmo antes da recente intensificação da insurgência, as operações militares no Iraque já estavam custando cerca de US$ 4,4 bilhões por mês, segundo o Pentágono.
Os EUA já gastaram US$ 120 bilhões no Iraque, não contando o fundo de contingência de US$ 25 bilhões. Autoridades disseram que o governo pode pedir outros US$ 50 bilhões no início de 2005.
Mas assessores do Congresso e analistas disseram que as dimensões do pacote podem aumentar substancialmente se os combates se intensificarem, conforme está sendo previsto, até a eleição iraquiana, programada para janeiro.
Críticos acusam Bush de esconder os custos reais da guerra. Kent Conrad, principal democrata do Comitê de Orçamento do Senado, disse que recorrer à reserva de emergência é "mais um caso em que a administração diz uma coisa e faz outra".


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