São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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AMEAÇA NUCLEAR

Israel pode comprar 5.000 bombas dos EUA

Irã diz que começou a enriquecer urânio, mas alega fim pacífico

DA REDAÇÃO

O Irã anunciou ontem que começou a converter toneladas de urânio bruto em gás, em um processo que pode ser usado para desenvolver bombas atômicas.
O anúncio coincidiu com afirmações de fontes do governo israelense de que Israel pretende comprar dos EUA o equivalente a US$ 319 milhões em bombas "inteligentes"- das quais 500 seriam potencialmente capazes de penetrar instalações nucleares subterrâneas iranianas.
Segundo Gholamreza Aghazadeh, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, cerca de 37 toneladas de urânio estão sendo processadas para uso em centrífugas nucleares - quantidade que, para especialistas, é suficiente para cinco armas nucleares.
"Os testes têm sido bem-sucedidos, mas devem continuar com o resto do material", disse.
No sábado passado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) adotou uma resolução, por unanimidade, exigindo que o Irã suspendesse todas as atividades relacionadas ao enriquecimento de urânio. Um porta-voz disse que a agência está monitorando os testes.
Os Estados Unidos acusam o Irã de querer usar o mineral enriquecido para produzir armas atômicas. Mas Teerã afirma que a resolução AIEA é injusta e que seu programa nuclear é pacífico.
"Fizemos nossa escolha: sim à tecnologia nuclear pacífica, não a armas nucleares", disse o presidente iraniano, Mohammad Khatami. "Continuaremos nesse caminho mesmo se isso causar o fim da supervisão internacional [pela AIEA]."
Segundo o diário "Haaretz", a venda das bombas dos EUA a Israel consta de um relatório do Pentágono ao Congresso americano. No documento, o Pentágono afirma que a venda, financiada com verbas de ajuda militar americana a Israel, faz parte de um pacote para promover "objetivos estratégicos e táticos dos EUA".
Fontes do governo israelense disseram ao jornal que a transação será formalizada após as eleições de novembro nos EUA.
Em 1981, Israel bombardeou o reator Osiraq, no Iraque, convencido de que o ex-ditador Saddam Hussein estava desenvolvendo armas atômicas. A ação motivou censura internacional.


Com agências internacionais

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