São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Chile extradita Fujimori para o Peru

Ex-presidente, que governou de 1990 a 2000, será julgado em seu país por violação dos direitos humanos e corrupção

Peruano diz que decisão judicial, da qual não há apelação, fazia parte de seus "planos"; se condenado, pode ficar 30 anos preso

DA REDAÇÃO

Atendendo a solicitação da Procuradoria peruana, a Suprema Corte do Chile decidiu hoje que o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, 69, será extraditado para seu país. A Justiça chilena aceitou sete das 13 denúncias apresentadas contra Fujimori, todas envolvendo corrupção e/ou abusos de direitos humanos.
As denúncias aceitas pelo Chile, duas de crimes contra os direitos humanos e cinco de corrupção, estão relacionadas às atividades do ex-presidente no início dos anos 90. As acusações de violação dos direitos humanos são pelos massacre de civis, em 1991 e 1992, perpetrados pelo Grupo Colina, um comando de extermínio formada por membros do Exército peruano. Entre esses massacres está o de Barrios Altos, em que foram mortos 15 civis.
Comandado por Vladimiro Montesinos, então chefe da inteligência peruana, o Colina combatia o grupo maoísta Sendero Luminoso. Hoje Montesinos está preso, condenado por corrupção e violação de direitos humanos.
Não há possibilidade de apelação da decisão da Justiça chilena, e o Peru já se prepara para receber Fujimori. Segundo o diário "El Comercio", Fujimori iria de Santiago para a cidade fronteiriça de Arica, onde seria entregue às autoridades peruanas. Até o fechamento desta edição, Fujimori permanecia no Chile.
Alberto Fujimori, hoje com 69 anos de idade, governou o Peru de 1990 a 2000. Ele vivia no Chile desde 2005, onde estava em prisão domiciliar. Em entrevista a uma rádio peruana, afirmou que a extradição era parte de seu plano para regressar ao Peru e ter o número de acusações pelas quais será julgado reduzido. Dizendo-se confiante na absolvição, o ex-presidente admitiu que houve "grandes falhas" em seu governo: "Mas agi da melhor forma segundo os interesses do país".
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, declarou que "a Justiça demorou o tempo que precisava para tomar sua decisão e, portanto, não houve nenhuma manipulação".

Golpe e corrupção
Fujimori é ainda parcialmente popular em seu país, em boa medida por haver derrotado o Sendero Luminoso, responsável por assassinatos de líderes políticos e atentados terroristas. No início do seu governo, conseguiu estabilizar a economia com reformas neoliberais. Em 1992, concedeu-se mais poder num "autogolpe" em que dissolveu o Congresso.
Embora tenha obtido um terceiro mandato presidencial, em eleições permeadas por denúncias de fraude, ele não o completou. Escândalos de corrupção envolvendo a ele e Montesinos minaram seu apoio político, e em 2000, do Japão, Fujimori enviou um fax ao Peru renunciando ao poder.
Em 2005 foi do Japão, país de seus pais, ao Chile, a fim de disputar as eleições presidenciais de 2006 -apesar de ter tido seus direitos políticos cassados. Lá acabou preso.
A ONG Human Rights Watch afirmou, por meio de seu diretor para as Américas, Jose Miguel Vivanco, que "finalmente Fujimori terá de responder às acusações (...) no país que costumava comandar como um chefão da máfia".
A rede britânica BBC informa que, segundo promotores peruanos, Fujimori só pode ser julgado pelas sete denúncias que motivaram sua extradição.
Quanto à sentença, ela pode variar de dez a 30 anos de prisão, mas o ex-presidente poderá se beneficiar da prisão domiciliar caso condenado depois de julho de 2008, pois terá então completado 70 anos de idade.


Com agências internacionais


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