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Chile extradita Fujimori para o Peru
Ex-presidente, que governou de 1990 a 2000, será julgado em seu país por violação dos direitos humanos e corrupção
Peruano diz que decisão judicial, da qual não há apelação, fazia parte de seus "planos"; se condenado, pode ficar 30 anos preso
DA REDAÇÃO
Atendendo a solicitação da
Procuradoria peruana, a Suprema Corte do Chile decidiu hoje
que o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, 69, será extraditado para seu país. A Justiça
chilena aceitou sete das 13 denúncias apresentadas contra
Fujimori, todas envolvendo
corrupção e/ou abusos de direitos humanos.
As denúncias aceitas pelo
Chile, duas de crimes contra os
direitos humanos e cinco de
corrupção, estão relacionadas
às atividades do ex-presidente
no início dos anos 90. As acusações de violação dos direitos
humanos são pelos massacre
de civis, em 1991 e 1992, perpetrados pelo Grupo Colina, um
comando de extermínio formada por membros do Exército
peruano. Entre esses massacres está o de Barrios Altos, em
que foram mortos 15 civis.
Comandado por Vladimiro
Montesinos, então chefe da inteligência peruana, o Colina
combatia o grupo maoísta Sendero Luminoso. Hoje Montesinos está preso, condenado por
corrupção e violação de direitos humanos.
Não há possibilidade de apelação da decisão da Justiça chilena, e o Peru já se prepara para
receber Fujimori. Segundo o
diário "El Comercio", Fujimori
iria de Santiago para a cidade
fronteiriça de Arica, onde seria
entregue às autoridades peruanas. Até o fechamento desta
edição, Fujimori permanecia
no Chile.
Alberto Fujimori, hoje com
69 anos de idade, governou o
Peru de 1990 a 2000. Ele vivia
no Chile desde 2005, onde estava em prisão domiciliar. Em
entrevista a uma rádio peruana, afirmou que a extradição
era parte de seu plano para regressar ao Peru e ter o número
de acusações pelas quais será
julgado reduzido. Dizendo-se
confiante na absolvição, o ex-presidente admitiu que houve
"grandes falhas" em seu governo: "Mas agi da melhor forma
segundo os interesses do país".
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, declarou que
"a Justiça demorou o tempo
que precisava para tomar sua
decisão e, portanto, não houve
nenhuma manipulação".
Golpe e corrupção
Fujimori é ainda parcialmente popular em seu país, em
boa medida por haver derrotado o Sendero Luminoso, responsável por assassinatos de líderes políticos e atentados terroristas. No início do seu governo, conseguiu estabilizar a economia com reformas neoliberais. Em 1992, concedeu-se
mais poder num "autogolpe"
em que dissolveu o Congresso.
Embora tenha obtido um terceiro mandato presidencial, em
eleições permeadas por denúncias de fraude, ele não o completou. Escândalos de corrupção envolvendo a ele e Montesinos minaram seu apoio político, e em 2000, do Japão, Fujimori enviou um fax ao Peru renunciando ao poder.
Em 2005 foi do Japão, país
de seus pais, ao Chile, a fim de
disputar as eleições presidenciais de 2006 -apesar de ter tido seus direitos políticos cassados. Lá acabou preso.
A ONG Human Rights Watch
afirmou, por meio de seu diretor para as Américas, Jose Miguel Vivanco, que "finalmente
Fujimori terá de responder às
acusações (...) no país que costumava comandar como um
chefão da máfia".
A rede britânica BBC informa que, segundo promotores
peruanos, Fujimori só pode ser
julgado pelas sete denúncias
que motivaram sua extradição.
Quanto à sentença, ela pode
variar de dez a 30 anos de prisão, mas o ex-presidente poderá se beneficiar da prisão domiciliar caso condenado depois de
julho de 2008, pois terá então
completado 70 anos de idade.
Com agências internacionais
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