São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Ditador do Paquistão reforça controle de cúpula militar

Mudanças nas Forças Armadas devem manter a influência de Musharraf caso ele cumpra a promessa de deixar farda após eleições

DA REDAÇÃO

Na tentativa de manter a influência caso abandone o comando militar, o ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, promoveu ontem a postos-chave os seus principais aliados nas Forças Armadas. Segundo informações oficiais, ele deixará o uniforme se o Congresso lhe conceder, nas eleições indiretas do próximo dia 6, um novo mandato.
O general Nadeem Taj, secretário militar de Musharraf no golpe de 1999, assumiu a chefia do serviço de inteligência paquistanês. Além de missões internacionais, está entre as funções do órgão monitorar questões políticas internas.
Especula-se que o general Pervez Ashfaq Kiyani, ex-comandante do serviço de inteligência intra-agências do país, que intermediou negociações com a líder oposicionista Benazir Bhutto em nome de Musharraf, seja o favorito para substituir o ditador no comando das Forças Armadas.
Kiyani e Taj são considerados pró-Ocidentais e devem dar continuidade às políticas antiterrorismo de Musharraf, que é um parceiro estratégico dos EUA, apesar das críticas de Washington à pouca eficácia do país na contenção dos insurgentes em sua porosa fronteira com o Afeganistão.
A cooperação com os americanos sofre, porém, oposição interna: muitos atribuem à parceria o aumento do número de atentados no país e acusam o ditador de sacrificar a estabilidade doméstica com a aliança.
As mudanças devem atingir também a estrutura militar. Musharraf teria, segundo informação não-oficiais divulgada por jornais locais, ordenado a criação de três grandes comando regionais. Cada um deles teria como subordinados três comandantes de zona.

Eleição questionada
Sob pressões de democratização e enfrentando a insurgência de radicais -intensificada após o massacre, na Mesquita Vermelha, de clérigos e estudantes islâmicos que pediam a adoção da lei islâmica-, o regime está em crise. Seis petições questionam, na Suprema Corte, desde a elegibilidade do general, que não deixou o Exército um ano antes do pleito como determina a Constituição, à legalidade da escolha pelo atual Congresso, cujo mandato expira neste ano.
O mais alto tribunal do país converteu-se num símbolo da oposição democrática desde o afastamento de seu presidente, Iftikhar Chaudhary. Em julho, após uma serie de protestos, o juiz foi reconduzido ao cargo, no primeiro grande revés do regime. É incerto, porém, se Musharraf acataria uma derrota jurídica dos planos de reeleição.
Em 10 de setembro, o ex-premiê exilado Nawaz Sharif foi deportado ainda no aeroporto, apesar de determinação da Suprema Corte garantir seu "direito inalienável" de retorno.


Com jornais locais e agência internacionais


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