São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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Morales diz que pode concorrer a mais um mandato

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da Bolívia, Evo Morales, provocou polêmica ontem ao sugerir em uma entrevista à emissora de TV americana CNN que pode ter direito a concorrer a um terceiro mandato.
Ele se baseia na aprovação de uma nova Constituição, no ano passado, para dizer que está em seu primeiro mandato, e não no segundo.
Morales foi eleito em 2006 com 54% dos votos, governou até 2010 e foi reeleito para ocupar o cargo até 2015. Porém, após referendo ocorrido em 2009, o país teve uma nova Constituição promulgada e deixou de ser uma República para se tornar um Estado "plurinacional".
O argumento de Morales é que seu segundo mandato seria o primeiro mandato do novo Estado "plurinacional" -o que lhe daria o direito de concorrer à reeleição.
"A Constituição política do Estado diz textualmente que se aceita uma só eleição e uma só reeleição. Esta minha gestão é a primeira do Estado "plurinacional", que sucedeu a República em 2009", disse.
Se for reeleito com base nessa teoria, Morales pode governar até 2020 -totalizando 14 anos no poder.
A oposição boliviana criticou a teoria de Morales e disse temer que ele atinja seu objetivo, uma vez que possui maioria no Congresso.
"Há uma afobação totalitária para que o presidente possa novamente concorrer à eleição", disse o senador de oposição Bernard Gutiérrez.
Analistas temem que o objetivo de Morales seja converter seu partido, o MAS, em um partido hegemônico, como o PRI do México (no poder entre 1929 e 1997) ou o Partido Colorado, do Paraguai (que esteve por seis décadas no governo, até 2008).
A senadora de centro-direita Elizabet Reyes também criticou Morales. "Ele quer ser o único candidato e a única visão da Bolívia. Por isso qualquer um que tentar lhe fazer sombra em uma eleição será preso, processado ou expulso do país", disse.
Ela se referiu a processos judiciais a que estão submetidos os ex-presidentes conservadores Jorge Quiroga (2001-2002) e Carlos Mesa (2003-2005).
Em junho de 2009, Morales disse estar em condições para apresentar um programa de governo não para cinco anos, mas para 50.


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