São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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Polarização marca cena política em Caracas

DO ENVIADO ESPECIAL

"Quer rodar pela Caracas em greve ou pela Caracas que está trabalhando?", perguntou o motorista Nerio Carrero Peñaloza. "Aqui há as duas, é só escolher."
Com cerca de 6 milhões de habitantes, a região metropolitana de Caracas é dividida em cinco municípios autônomos. Seus prefeitos são umbilicalmente ligados ao presidente ou ferrenhos opositores. Não há meio-termo.
Um dos aliados é Freddy Bernal, prefeito do Município Libertador e e um dos principais coordenadores dos Círculos Bolivarianos, grupos civis de apoio ao governo.
O comércio funcionou parcialmente no município de Bernal. Donos de bares e vendedores ambulantes vestiam camisetas com slogans pró-governo. Em abril passado, quando um golpe desalojou o presidente Hugo Chávez do cargo por 48 horas, os saques se concentraram nesse município. Ontem, as oposições creditaram o fracasso relativo da greve nesse município a uma ameaça feita no domingo por uma das líderes dos Círculos Bolivarianos. Segundo ela, "comércio fechado é negócio saqueado".
Outro município, o de Grande Caracas, é administrado por Alfredo Peña, um dos principais opositores do presidente. Peña foi um dos políticos mais votados da história da Venezuela. Originalmente, compunha a mesma frente política que levou Chávez ao poder, em 1998. Brigou com o presidente no meio do caminho.
Peña era um dos principais nomes da oposição até os distúrbios de abril, nos quais 19 pessoas morreram nas ruas de seu município. Chávez culpa a polícia de Peña pelas mortes, e vice-versa. Nos últimos dias, Chávez incentivou a realização de uma greve na polícia metropolitana administrada pelo prefeito, que ficou numa situação difícil: foi obrigado a combater uma greve no seu quintal e, ao mesmo tempo, defender uma greve nacional.
"É como eu digo", afirmou o motorista Peñaloza. "Aqui só tem dois tipos de gente: pró-Chávez ou contra Chávez. Não tem meio-termo." (MA)



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