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IRAQUE OCUPADO
Governo é acusado de "esconder" baixas
Grupos americanos convocam megaprotesto contra ocupação
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Cerca de 120 organizações regionais dos EUA vão se juntar no
próximo sábado, em Washington, para o primeiro protesto de
grandes proporções contra a ocupação americana do Iraque.
A manifestação ocorre no momento em que há uma escalada de
acusações contra o governo dos
EUA de "esconder" o custo em vidas da ação no Iraque.
Comandantes militares reconheceram, nesta semana, que
muitos dos soldados feridos não
estão tendo tratamento satisfatório em hospitais. Centenas de feridos estão alocados em tendas de
lona em bases militares nos EUA
por falta de estrutura em hospitais
militares completos.
Por outro lado, o Pentágono intensificou a vigilância sobre os
jornais e as redes de TV, esperando que eles não mostrem imagens
dos caixões de soldados que chegam ao país. O objetivo é minimizar o impacto das mortes.
Mais de uma centena de americanos morreram no Iraque desde
que o presidente George W. Bush
declarou o fim dos combates de
grande porte no país, no dia 1º de
maio passado.
Ontem, o Departamento da Defesa reconheceu que 28 soldados
que retornaram do Iraque para
duas semanas de descanso nos
EUA não voltaram a se apresentar
e desertaram sem dar explicações.
Eles agora serão procurados e investigados.
Os organizadores do protesto
de sábado esperam contar com
manifestantes de 135 cidades e 38
Estados. Desta vez, os protestos
devem reunir um número maior
de entidades de proteção aos direitos civis.
O movimento pretende fazer
também uma condenação dos
dois anos de vigência do Patriot
Act, um conjunto de leis considerado "invasivo" e aprovado pelo
Congresso após os atentados de 11
de setembro de 2001.
"O Iraque se tornou um Vietnã
em câmara lenta. Vamos voltar à
carga contra a ocupação", disse à
Folha Peta Lindsay, coordenadora da Answer, uma das entidades
organizadoras da marcha de sábado -que pretende cercar a Casa Branca e o Departamento da
Justiça.
Stephen Cleghorn, pai de um
soldado que está no Iraque e fundador do movimento Military Families Speak Out, afirma estar recebendo relatos de familiares de
soldados sobre ""moral baixa, depressão e tentativas de suicídio".
"A situação é caótica", diz.
Nesta semana, militares da base
de Fort Stewart , na Geórgia, reconheceram haver 633 soldados feridos sendo tratados precariamente ali em tendas militares de
lona e sem banheiros.
"Estamos pedindo mais recursos e aceitamos sugestões de como resolver o problema", disse
John Kidd, um dos comandantes
de Fort Stewart, base de mais de
24 mil soldados e da Terceira Infantaria, uma das primeiras a chegar a Bagdá -dias depois do início dos combates.
O Pentágono informou que faria uma inspeção no local e que
mobilizaria cerca de US$ 3 milhões para equipar as tendas com
"carpete, ar condicionado e melhor iluminação". O governo dos
EUA também vem sendo acusado
de falta de transparência no que se
refere ao número e ao estado de
saúde dos soldados feridos.
Civis mortos
O grupo anglo-americano Iraq
Body Count (IBC) informou ontem que, desde que Bagdá foi ocupada, em abril, até 31 de agosto,
mais de 1.500 civis foram mortos.
O saldo envolve incidentes com as
forças de ocupação, ataques da resistência iraquiana e o aumento
da criminalidade na capital.
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