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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Governo é acusado de "esconder" baixas

Grupos americanos convocam megaprotesto contra ocupação

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Cerca de 120 organizações regionais dos EUA vão se juntar no próximo sábado, em Washington, para o primeiro protesto de grandes proporções contra a ocupação americana do Iraque.
A manifestação ocorre no momento em que há uma escalada de acusações contra o governo dos EUA de "esconder" o custo em vidas da ação no Iraque.
Comandantes militares reconheceram, nesta semana, que muitos dos soldados feridos não estão tendo tratamento satisfatório em hospitais. Centenas de feridos estão alocados em tendas de lona em bases militares nos EUA por falta de estrutura em hospitais militares completos.
Por outro lado, o Pentágono intensificou a vigilância sobre os jornais e as redes de TV, esperando que eles não mostrem imagens dos caixões de soldados que chegam ao país. O objetivo é minimizar o impacto das mortes.
Mais de uma centena de americanos morreram no Iraque desde que o presidente George W. Bush declarou o fim dos combates de grande porte no país, no dia 1º de maio passado.
Ontem, o Departamento da Defesa reconheceu que 28 soldados que retornaram do Iraque para duas semanas de descanso nos EUA não voltaram a se apresentar e desertaram sem dar explicações. Eles agora serão procurados e investigados.
Os organizadores do protesto de sábado esperam contar com manifestantes de 135 cidades e 38 Estados. Desta vez, os protestos devem reunir um número maior de entidades de proteção aos direitos civis.
O movimento pretende fazer também uma condenação dos dois anos de vigência do Patriot Act, um conjunto de leis considerado "invasivo" e aprovado pelo Congresso após os atentados de 11 de setembro de 2001.
"O Iraque se tornou um Vietnã em câmara lenta. Vamos voltar à carga contra a ocupação", disse à Folha Peta Lindsay, coordenadora da Answer, uma das entidades organizadoras da marcha de sábado -que pretende cercar a Casa Branca e o Departamento da Justiça.
Stephen Cleghorn, pai de um soldado que está no Iraque e fundador do movimento Military Families Speak Out, afirma estar recebendo relatos de familiares de soldados sobre ""moral baixa, depressão e tentativas de suicídio". "A situação é caótica", diz.
Nesta semana, militares da base de Fort Stewart , na Geórgia, reconheceram haver 633 soldados feridos sendo tratados precariamente ali em tendas militares de lona e sem banheiros.
"Estamos pedindo mais recursos e aceitamos sugestões de como resolver o problema", disse John Kidd, um dos comandantes de Fort Stewart, base de mais de 24 mil soldados e da Terceira Infantaria, uma das primeiras a chegar a Bagdá -dias depois do início dos combates.
O Pentágono informou que faria uma inspeção no local e que mobilizaria cerca de US$ 3 milhões para equipar as tendas com "carpete, ar condicionado e melhor iluminação". O governo dos EUA também vem sendo acusado de falta de transparência no que se refere ao número e ao estado de saúde dos soldados feridos.

Civis mortos
O grupo anglo-americano Iraq Body Count (IBC) informou ontem que, desde que Bagdá foi ocupada, em abril, até 31 de agosto, mais de 1.500 civis foram mortos. O saldo envolve incidentes com as forças de ocupação, ataques da resistência iraquiana e o aumento da criminalidade na capital.


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