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BOLÍVIA
Morales concede trégua de 90 dias; depois desse prazo, líder cocaleiro pede o fim do "modelo de Estado neoliberal"
Políticos apóiam Mesa no poder até 2007
DA REDAÇÃO
Líderes políticos da Bolívia pediram que o presidente do país,
Carlos Mesa, permaneça no poder até o fim do mandato, em
2007. A antecipação das eleições
presidenciais, segundo os políticos, poderia agravar a crise.
Na noite de sexta-feira, logo
após assumir a Presidência, Mesa
disse que tinha a intenção de encabeçar um governo "histórico de
transição" e que convocaria eleições. Aos poucos, porém, começa
a surgir no país um consenso sobre a permanência de Mesa.
O presidente do Senado, Hormando Vaca Díez, afirmou que
"diante da magnitude da crise
econômica, social e política, não
há condições para que tenhamos
um governo de transição que,
dentro de poucos meses, realize
eleições". Vaca Díez é do Movimento Esquerda Revolucionária
(MIR, na sigla em espanhol). O líder de seu partido, o ex-presidente Jaime Paz Zamora.
Já o líder cocaleiro Evo Morales,
uma das principais forças da oposição, disse ontem que considera
positiva a trégua de 90 dias, anunciada pelo líder indígena Filipe
Quispe anteontem. Mas, depois
desse prazo, deverá ser construído "um novo Estado, que acabe
com o modelo neoliberal".
O governo de Mesa é composto
por intelectuais e técnicos. O presidente, que não tem partido, evitou nomeações políticas. O ministro dos Hidrocarbonetos foi
anunciado ontem. Será Franklin
Antezana. O ministério é o responsável pelo gás do país.
Ontem o presidente viajaria para Santa Cruz, onde se reuniria
com empresários locais na cidade, que é a segunda maior do país,
depois de La Paz. A região de Santa Cruz é a mais rica de Bolívia.
Além de dizer que seu governo
seria de transição, ao tomar posse,
na sexta-feira, Mesa anunciou três
medidas: a realização de um plebiscito nacional para decidir sobre a exportação do gás; a convocação de uma nova Assembléia
Constituinte e a revisão da Lei dos
Hidrocarbonetos.
A lei regulamenta a exploração e
a comercialização de gás, tema catalisador dos protestos que tomaram várias regiões do país nas últimas semanas, causaram 80 mortes e culminaram na renúncia do
ex-presidente Gonzálo Sánchez
de Lozada. Os manifestantes querem que o gás seja industrializado
no país antes de ser exportado, gerando mais empregos locais.
Brasil
O Brasil aumentou suas importações de gás natural da Bolívia,
de 11 milhões de metros cúbicos
diários para 18 milhões, segundo
o chanceler boliviano, Juan Ignacio Siles. Ele agradeceu o apoio do
Brasil e da Argentina.
Com agências internacionais
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