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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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URBANISMO

Projeto do Walt Disney Concert Hall consumiu 16 anos e US$ 274 mi

Teatro reanima centro de Los Angeles

Nick Ut/Associated Press
O renovado Walt Disney Concert Hall, no centro de Los Angeles


DO "NEW YORK TIMES"

Los Angeles, uma cidade em que os subúrbios são o destaque em detrimento do centro, está prestes a mudar. Na última segunda-feira, foi reaberto o Walt Disney Concert Hall, um teatro com fachada de aço inoxidável que, resultado de um projeto de 16 anos, deve não só transformar a paisagem cultural da cidade mas também injetar vida no centro.
"Nunca tivemos um centro", disse Richard J. Riordan, o ex-prefeito que desempenhou um papel de destaque na restauração do teatro. "Agora, finalmente, temos um. E o Disney Hall é um símbolo disso."
"Não somos como Nova York ou Boston ou Chicago. Nunca tivemos vida noturna no centro, como a maior parte das cidades, nunca fomos uma cidade que funciona 24 horas. O Disney Hall finalmente viabiliza isso", afirma Gloria Molina, superintendente do condado de Los Angeles para a região central.
Como um único prédio poderá transformar o centro de Los Angeles ainda é uma pergunta por responder.
Mas, na segunda-feira, com o sol batendo sobre as curvas do prédio concebido por Frank Gehry à semelhança de um navio de mastro armado, oradores como Gray Davis -o governador que acaba de perder o cargo para Arnold Schwarzenegger- e Eli Broad, o bilionário filantropo que investiu na restauração, deixaram claro que o teatro não é só um prédio exuberante, mas um símbolo.
"Este é um dos grandes dias da história de Los Angeles", disse Zev Yaroslavsky, também superintendente do condado. "Pelos próximos anos, gerações vão se beneficiar desse teatro."
A abertura da sala, que se estende por 1,4 hectare na Grand Avenue com a First Street e cujo auditório principal conta com 2.265 poltronas, será comemorada com uma semana de apresentações da Filarmônica de Los Angeles em homenagem à sua nova casa -cujo projeto consumiu US$ 274 milhões e quase foi suspenso na década de 90, antes de a prefeitura, a família Disney e Gehry o resgatarem.
O arquiteto, escolhido entre 72 que se candidataram para a tarefa, afirmou aos presentes na inauguração que o prédio desenhado por ele era "uma espécie de flor" para a viúva de Walt Disney, Lillian, morta em 1997, que doou US$ 50 milhões ao projeto logo em sua criação, em 1987.
No topo de Bunker Hill, o Disney Hall já chama a atenção dos passantes. Mais do que qualquer outro, ele é visto como o símbolo -um tanto quixotesco, talvez- do novo centro.
No ano passado, com o aumento de moradias na região, o centro começou a dar alguns sinais de vida que havia muito tempo não eram vistos por ali.
Hoje, o teatro é o epicentro de uma região que se aproxima do encrave cultural que Los Angeles já teve: a poucos metros, ficam o Ahmanson Theater, o Mark Taper Forum e o Dorothy Chandler Pavilion, que, por muitos anos, abrigou a cerimônia do Oscar. Ali perto, está a catedral de Nossa Senhora dos Anjos, uma construção modernista assinada pelo espanhol José Rafael Moneo. E, a alguns passos, estão o Museu de Arte Contemporânea e a Escola de Artes Performáticas.
O projeto inicialmente foi orçado em US$ 110 milhões, e sua inauguração, marcada para 1997. Mas a construção foi suspensa nos anos 90, quando a cidade vivia uma recessão. Molina e Yaroslavsky pediram que Riordan levantasse dinheiro -nem tanto por ele ser o prefeito, mas por seus contatos com empresários. Foi assim que se chegou a Broad.
John Emerson, diretor da vizinha Escola de Artes Performáticas, comemora. "Agora, quando as pessoas pensarem em Los Angeles, o letreiro de Hollywood não será a única coisa a vir à cabeça."

Com agências internacionais

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