|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sargento pega 8 anos por maus-tratos em prisão
DA REDAÇÃO
Um juiz militar condenou o sargento Ivan "Chip" Frederick, 38, a
oito anos de prisão por abusar física e sexualmente de iraquianos
na prisão de Abu Ghraib.
A sentença é a mais rigorosa das
recebidas pelos três militares
americanos envolvidos em abusos na cadeia iraquiana já condenados. O juiz, coronel James Pohl,
ordenou que Frederick tenha a
patente reduzida de sargento para
soldado e o soldo suspenso e seja
dispensado do Exército com desonra. O advogado de defesa Gary
Myers disse que a sentença havia
sido excessiva e que apelaria dela.
Frederick, soldado de mais alta
patente a ser julgado no escândalo
de Abu Ghraib, precipitado por
fotos de abusos divulgadas em
abril, declarou-se culpado de cinco acusações, incluindo agressão
e indecência. Ele admitiu ter ajudado a enrolar fios elétricos nos
dedos e no pênis de um prisioneiro e dito a ele que poderia ser eletrocutado se não confessasse seus
crimes. Ele afirmou ainda ter forçado três homens a se masturbar.
O sargento freqüentava a igreja
e trabalhava como carcereiro em
uma prisão em sua vida civil.
Dois psicólogos que testemunharam para a defesa descreveram Frederick como uma pessoa
introvertida, que tinha um forte
desejo de agradar. Segundo eles,
sua personalidade explica por que
ele não puniu seus colegas que
abusaram de prisioneiros.
"Mostre-me uma imagem do
perfeito garoto americano e ele é
esse rapaz", disse o psicólogo Philip Zimbardo. "Ele é um jovem
maravilhoso que fez essas coisas
horríveis."
Zimbardo é conhecido por ter
coordenado uma experiência
com universitários de Stanford
em 1971. No estudo, planejado para durar duas semanas, um grupo
de estudantes foi dividido em
dois: metade faria o papel de prisioneiros e a outra, de carcereiros.
Mas os alunos internalizaram
seus papéis a tal ponto -com
carcereiros abusando de prisioneiros- que o estudo teve de ser
interrompido após seis dias.
Zimbardo concluiu que certas
situações são capazes de fazer
com que pessoas psicologicamente equilibradas cometam abusos e
ignorem princípios morais que
normalmente as orientam.
Myers disse que Frederick, encarregado do turno da noite em
Abu Ghraib, não recebera treinamento suficiente para lidar com
as condições que encontrou e atribuiu parte da responsabilidade
aos comandantes do sargento.
"Sim, esse indivíduo cometeu
crimes. Mas há pessoas que, por
ação ou omissão, levaram-no a
aquele ponto", disse. "Seria um
erro grave tratar isso como problema único de Chip Frederick."
Mas o promotor, major Michael
Holley, afirmou que Frederick era
um adulto que sabia distinguir o
certo do errado. "De quanto treinamento você precisa para aprender que é errado forçar um homem a se masturbar?", disse.
Dois outros soldados americanos receberam sentenças de entre
oito meses e um ano na prisão por
abusos em Abu Ghraib. Outros
cinco aguardam julgamento.
Dois oficiais que foram testemunhas no julgamento de Frederick afirmaram que a CIA (serviço
secreto dos EUA) ordenou alguns
abusos e que comandantes militares deram ordens para endurecer
os interrogatórios.
O Pentágono alega que os abusos foram obra de "maçãs podres" agindo por conta própria.
Com agências internacionais
Texto Anterior: EUA afastam comandante de "amotinados" Próximo Texto: Oriente Médio: Ministro acusa rabinos de fomentarem guerra civil Índice
|