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ONG cobra medidas contra efeitos da alta de alimentos
Informe anual da Médicos Sem Fronteiras lista problema como "crise negligenciada"
Para organização, cardápio
da assistência não recupera crianças desnutridas; organização denuncia piora humanitária no Paquistão
DA REDAÇÃO
A escalada mundial do preço
dos alimentos agravou a fome
em 2008 e aparece entre as
"dez crises humanitárias mais
negligenciadas" do mundo, lista preparada anualmente pela
ONG Médicos Sem Fronteiras
(MSF) e divulgada hoje. A organização relata que o problema
trouxe tintas ainda mais dramáticas às regiões em conflito e
já em precária situação humanitária no mundo.
Para demonstrar o espraiamento do impacto da inflação
dos alimentos, a MSF cita o
agravamento da fome no Haiti
(Caribe), Bangladesh (Ásia) e
Costa do Marfim (África) e faz
um alerta para a questão da
desnutrição infantil.
Muitas vezes, lembra a ONG,
o problema não é atacado nem
quando as crianças com desnutrição severa -são cerca de 20
milhões no mundo- recebem
efetivamente ajuda internacional. O "fracasso" se dá porque o
cardápio atual dos programas
de assistência, com farinhas
fortificadas com milho ou soja,
não contém as mais modernas
pastas densas em energia, com
laticínios. A MSF diz que trabalha com ONGs e governos para
fazer ajustes na questão.
O relatório da ONG fala de
crises "esquecidas pela mídia".
Em geral, trata-se de temas que
freqüentaram o noticiário, mas
sem a ênfase que a organização
julga necessária nas situações
perenes de saúde e alimentação
provocadas pelos conflitos.
Um destes casos é a Somália,
país do nordeste africano cujo
frágil governo central, reconhecido pelos EUA e pela vizinha Etiópia, não controla o território em meio a embates com
grupos extremistas islâmicos.
Enquanto o confronto recrudesce -só na capital Mogadício, a ONG diz ter tratado 2.300
pacientes com ferimentos causados por morteiros e tiros, de
janeiro até o fim de novembro- "o impacto da guerra na
desnutrição infantil foi exacerbado pela ascensão meteórica
dos preços dos alimentos e pela
prolongada seca", diz o relatório sobre a Somália, onde duas
em cada dez crianças morrem
antes de completar cinco anos.
Na região etíope da Somália,
nas regiões de Wardher e Degahbur, a ONG denuncia aumento de desnutrição severa
aguda infantil -mil crianças
foram atendidas em dezembro.
Paquistão e Afeganistão
O norte do Paquistão, na
fronteira volátil com o Afeganistão, entrou na lista de crises
humanitárias neste ano devido
ao conflito entre as forças do
governo e a insurgência islâmica ligada ao Taleban na Fata
(Área Tribal Administrada pela
Federação, ligada à Província
do Noroeste paquistanesa) .
A ONG diz que os ataques aéreos dos EUA na área tribal
também contribuíram para aumentar a falta de segurança.
Várias clínicas locais e serviços
médicos fecharam por temor
da violência e mesmo equipes
da MSF sofreram ataques.
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