São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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ONG cobra medidas contra efeitos da alta de alimentos

Informe anual da Médicos Sem Fronteiras lista problema como "crise negligenciada"

Para organização, cardápio da assistência não recupera crianças desnutridas; organização denuncia piora humanitária no Paquistão


DA REDAÇÃO

A escalada mundial do preço dos alimentos agravou a fome em 2008 e aparece entre as "dez crises humanitárias mais negligenciadas" do mundo, lista preparada anualmente pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e divulgada hoje. A organização relata que o problema trouxe tintas ainda mais dramáticas às regiões em conflito e já em precária situação humanitária no mundo.
Para demonstrar o espraiamento do impacto da inflação dos alimentos, a MSF cita o agravamento da fome no Haiti (Caribe), Bangladesh (Ásia) e Costa do Marfim (África) e faz um alerta para a questão da desnutrição infantil.
Muitas vezes, lembra a ONG, o problema não é atacado nem quando as crianças com desnutrição severa -são cerca de 20 milhões no mundo- recebem efetivamente ajuda internacional. O "fracasso" se dá porque o cardápio atual dos programas de assistência, com farinhas fortificadas com milho ou soja, não contém as mais modernas pastas densas em energia, com laticínios. A MSF diz que trabalha com ONGs e governos para fazer ajustes na questão.
O relatório da ONG fala de crises "esquecidas pela mídia". Em geral, trata-se de temas que freqüentaram o noticiário, mas sem a ênfase que a organização julga necessária nas situações perenes de saúde e alimentação provocadas pelos conflitos.
Um destes casos é a Somália, país do nordeste africano cujo frágil governo central, reconhecido pelos EUA e pela vizinha Etiópia, não controla o território em meio a embates com grupos extremistas islâmicos.
Enquanto o confronto recrudesce -só na capital Mogadício, a ONG diz ter tratado 2.300 pacientes com ferimentos causados por morteiros e tiros, de janeiro até o fim de novembro- "o impacto da guerra na desnutrição infantil foi exacerbado pela ascensão meteórica dos preços dos alimentos e pela prolongada seca", diz o relatório sobre a Somália, onde duas em cada dez crianças morrem antes de completar cinco anos.
Na região etíope da Somália, nas regiões de Wardher e Degahbur, a ONG denuncia aumento de desnutrição severa aguda infantil -mil crianças foram atendidas em dezembro.

Paquistão e Afeganistão
O norte do Paquistão, na fronteira volátil com o Afeganistão, entrou na lista de crises humanitárias neste ano devido ao conflito entre as forças do governo e a insurgência islâmica ligada ao Taleban na Fata (Área Tribal Administrada pela Federação, ligada à Província do Noroeste paquistanesa) .
A ONG diz que os ataques aéreos dos EUA na área tribal também contribuíram para aumentar a falta de segurança. Várias clínicas locais e serviços médicos fecharam por temor da violência e mesmo equipes da MSF sofreram ataques.


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