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Paris quer sistema self-service de carros
Idéia é permitir que parisienses retirem um automóvel em uma estação e o deixem em outro ponto da cidade, como já ocorre com a bicicleta
Programa Autolib usará veículos elétricos; custo de aluguel será de 4 por meia hora de uso, sem necessidade de fazer reserva prévia
CLARICE SPITZ
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM PARIS
Depois da bicicleta, Paris se
prepara para pôr em marcha
um sistema de carros em self-service. A cidade, que inspirou
o modelo de bicicletas públicas
de São Paulo e Rio de Janeiro,
planeja estender o serviço para
as quatro rodas: a chamada Autolib.
Assim como no aluguel de bicicletas, o usuário poderá pegar
o carro em uma estação de metrô ou trem deixá-lo em outro
ponto da cidade. Ele não precisará retornar ao local de retirada nem fazer reserva. O programa, com previsão para começar
em 2010, será ideal para pessoas que usam o veículo para
curtas distâncias, como fazer
compras e sair à noite, ou precisam ir ao aeroporto.
Autolib se baseia no conceito
de "autopartage" ou compartilhamento de carro, que já é explorado por empresas privadas
na capital francesa e em outros
países, EUA, Suíça e Inglaterra.
O "autopartage" consiste na locação horária, mas com reserva
prévia e sem a mesma flexibilidade de devolução.
A idéia é que haja bastante
rotatividade no uso do carro. O
veículo é utilizado apenas
quando necessário, por curto
período, e em esquema de partilha. Para outros deslocamentos, o usuário tende a preferir o
transporte público. Segundo
estudo da Prefeitura de Paris
baseado na experiência em outros países, em média, para cada veículo em "autopartage",
sete particulares são vendidos.
Além de desafogar o trânsito,
o projeto do prefeito Bertrand
Delanoë -que sonha ser o candidato do Partido Socialista à
Presidência- quer acrescentar
à frota atual veículos menos poluentes: os carros serão elétricos. São estimados 4.000 veículos "limpos" e cerca de 1.400 estações na capital e na grande
Paris. Os carros seriam recarregados nas estações.
Segundo os técnicos, a assinatura mensal deve custar de
15 a 20 (cerca de R$ 49 a R$
66), além do pagamento de um
valor a partir de 4 (cerca de
R$ 13) por meia hora de uso.
No caso do Vélib, o sistema de
bicicletas, a assinatura é feita
com cartão de crédito.
Oferta pública
A oferta pública será lançada
em 2009. Empresas de locação
de veículos como a Hertz, além
de um consórcio formado por
SNCF (companhia de trens),
RATP (companhia de transporte urbano) Avis e Vinci, já
declararam que estão no páreo.
A Transdev e a Veolia, que estão no mercado de aluguel,
também se interessaram.
O engenheiro Antoine Muguet, 28, utiliza há um ano um
serviço de "autopartage" particular. Ele tem uma despesa
mensal que varia de 40 a
200 (R$ 132 a R$ 662) e que o
isenta de preocupações com
combustível, seguro ou estacionamento. "No meu caso,
não vale a pena comprar um
carro", diz.
Para o sociólogo Bruno Marzloff, presidente do Grupo
Chronos, que estuda fenômenos de mobilidade urbana,
existe uma mudança de conceito. "O carro é menos visto como status social e passa a ser
entendido como um serviço."
Apesar dos benefícios para o
ambiente, os veículos elétricos
não dispõem de grande autonomia. Eles podem rodar de 80
km a 150 km sem necessidade
de recarga, segundo a prefeitura de Paris.
O professor Laurent Delaby,
30, que tem um carro próprio,
mas que usa sobretudo sua bicicleta no dia-a-dia, diz não se
considerar interessado por Autolib. "Eu me sinto um pouco
ligado ao meu carro", diz.
Marzloff afirma que a perda
do poder aquisitivo e a crise financeira podem acelerar a
transição para Autolib. "Nós
ainda estamos impregnados de
um modelo patrimonial, em
que se dispõe do veículo em
tempo integral. É preciso dar
um passo cultural em que eu
abro mão do carro e me organizo de modo diferente."
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