UOL


São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MUDANÇA DE PLANOS

Cerca de 40 navios com equipamento militar deixa costa turca e se dirige ao golfo

EUA desistem de ataque pela Turquia

DA REDAÇÃO

Após permanecerem durante várias semanas aguardando na costa da Turquia, dezenas de navios carregados de material bélico dos EUA foram redirecionados para o golfo Pérsico, segundo fontes militares americanas.
A decisão mostra que os EUA desistiram de utilizar o território turco como base para invadir o Iraque pelo norte. Cerca de 40 navios com equipamentos militares ancorados no mar Mediterrâneo começaram a se dirigir ao canal de Suez rumo ao golfo Pérsico.
Os cerca de 17.500 soldados da 4ª Divisão de Infantaria dos EUA, que deveriam ser enviados à Turquia, agora deverão ir para o Kuait (ao sul do Iraque). Os EUA planejavam enviar cerca de 60 mil militares para a Turquia, mas o Parlamento turco não liberou as bases militares do país.
Após muita insistência americana, a Turquia aceitou liberar apenas seu espaço aéreo ao sobrevôo de jatos militares americanos.
Ontem, um porta-voz do comando geral do Exército turco negou que tropas do país tenham penetrado na região curda no norte iraquiano. "A Turquia não entrou no norte do Iraque", disse. Mas fontes militares não identificadas, jornais e emissoras de TV turcas disseram que cerca de 1.500 soldados teriam cruzado a fronteira rumo à região controlada majoritariamente pelos curdos.
A intervenção turca, se confirmada, desagradará os EUA, que querem evitar o envolvimento de países vizinhos na guerra. "Nós não vemos nenhuma necessidade de incursões da Turquia no norte do Iraque", disse o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
A Turquia teme que o ataque ao regime de Saddam Hussein leve à fragmentação do Iraque e que a população curda iraquiana, majoritária no norte do país, declare independência. Isso poderia encorajar os rebeldes curdos da Turquia a também buscarem a secessão. Durante 15 anos, os curdos da Turquia lutaram contra o governo central, com um saldo de cerca de 37 mil mortos.
Segundo o chanceler turco, Abdullah Gul, a Turquia quer garantir "a integridade territorial do Iraque" e impedir que eventuais refugiados iraquianos atravessem a fronteira. Durante a Guerra do Golfo (1991), milhares de curdos iraquianos tentaram se refugiar na Turquia.
Desde então, com a perda de controle do governo de Bagdá no norte do país, tropas turcas permanecem em áreas iraquianas próximas à fronteira, criando uma espécie de cordão de isolamento.
Relegados por acordos que dividiram a região após a Primeira Guerra Mundial, os curdos vivem em diversos países (em especial o Irã, o Iraque e a Turquia) e formam o maior grupo étnico sem Estado do mundo: 25 milhões de pessoas (60% na Turquia.
A Alemanha, que se opõe à ação militar no Iraque, disse que retirará militares alemães que participam de uma missão da Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) na Turquia se ficar comprovado que o país está se envolvendo no conflito.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Meio milhão de curdos se deslocam no Iraque
Próximo Texto: Mísseis atingem Irã, que protesta contra os EUA
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.