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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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Iraque acusa Annan e apela à ONU

DA REDAÇÃO

Após criticar o secretário-geral Kofi Annan, o Iraque pediu ontem à ONU que aja "incondicionalmente" para acabar com os ataques anglo-americanos ao país, os quais o ministro das Relações Exteriores Naji Sabri chamou de "ameaça à paz" para "impor a hegemonia dos EUA".
Mais cedo, o embaixador iraquiano na ONU, Mohammed al Douri, havia acusado Annan de "ajudar o ataque" ao retirar seus inspetores de armas e observadores do país e não se pronunciar oficialmente contra guerra.
Após o ultimato dado na semana passada pelo presidente norte-americano, George W. Bush, para que Saddam Hussein deixasse o Iraque caso quisesse evitar a guerra, a ONU ordenou que seus funcionários deixassem o país por motivo de segurança, mesmo considerando as inspeções de armas não concluídas.
O vice-presidente Taha Yassin Ramadan afirmou que a atitude era uma "violação das responsabilidades da ONU sem justificativa moral ou legal", e que Annan fizera o papel de "colonialista" ante o povo iraquiano.
As declarações do secretário-geral, até agora, têm se concentrado no pedido de ajuda humanitária para o país, mas nada se falou sobre o início da ação militar em si. Annan também não havia respondido, até a noite de ontem, às acusações feitas pelas autoridades iraquianas.

Vista grossa
Além da falta de reação da ONU, o início dos bombardeios, na última quinta-feira, encontrou pouco eco oficial entre os governos, apesar da intensificação dos protestos populares em diversos pontos do mundo.
Mesmo a França, a Alemanha e a Rússia, que ajudaram a impedir a aprovação da resolução que daria a anuência da ONU ao ataque e que ainda se opõem à ação militar contra o Iraque, evitaram mencionar o início dos bombardeios. No caso da Rússia, o país se declarou contra o projeto de transição para o Iraque pós-Saddam defendido pelos EUA e prometeu tentar bloqueá-lo na ONU.
As reações mais fortes vieram do países árabes, como era esperado. O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que "nenhum árabe com um mínimo de consciência pode tolerar" o bombardeio de Bagdá, que, no passado, foi a capital do mundo islâmico.
"O bombardeio e a violência que temos visto na TV, via satélite, deveriam provocar a ira de todos os árabes", declarou Moussa, que, ademais, alertou para o perigo de a guerra contra o Iraque "abrir as portas do inferno" no Oriente Médio.


Com agências internacionais


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