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Rejeição a imigrantes ainda é forte
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
Sete carros de polícia
patrulhavam ontem meia
quadra em frente a uma
escola infantil convertida
em seção eleitoral em Alexandra, favela ao norte de
Johannesburgo. O local é o
epicentro dos conflitos xenófobos que deixaram
mais de 60 mortos na África do Sul um ano atrás.
A cem metros de distância, em frente a outra seção, na biblioteca pública,
cerca de 20 policiais armados checavam os documentos dos eleitores. "Esta é uma área muito volátil", disse Suki Magoro,
presidente da seção.
Segundo moradores,
apenas 20% da força de
trabalho local está empregada, criando uma legião
de jovens desocupados e
prontos para descontar
nos milhares de imigrantes ilegais que chegaram
nos últimos anos.
"Eles pegam nossos empregos, especialmente na
construção. Devem ir embora", disse Vusi, 28, que
vive de bicos. "Há zimbabuanos e moçambicanos
demais nesse país", afirmou Sipho, 35. Sem proteção legal ou de sindicatos,
os imigrantes tendem a
aceitar qualquer salário
em ramos como construção e mineração.
Os conflitos começaram
ali perto, quando gangues
de desempregados de Alexandra cercaram o local
Nobuhle, abrigo de imigrantes ilegais. Em dias, os
confrontos se espalharam.
Mais difíceis de serem
encontrados, há também
os moradores que defendem o direito dos imigrantes de tentarem a vida no
país. "Eles fazem o trabalho que os sul-africanos
não querem fazer. Os sul-africanos são preguiçosos", disse Jack, 31.
Com a perspectiva de
desaceleração econômica,
há temor de novos conflitos. A maioria dos imigrantes deixou Alexandra,
e o albergue Nobuhle hoje
está abandonado. Muitos
voltaram a seus países,
mas outros procuraram
áreas menos hostis, como
o distrito de Soweto.
Ali, sentados sobre caixotes, os irmãos moçambicanos Raul e Luis hoje
vendem tomates e batatas
expostos sobre uma toalha. "Perdemos amigos e
um primo nos conflitos",
diz Raul. "Mas não temos
escolha. Em Moçambique
não conseguimos trabalho", afirma.
(FZ)
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