São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Medida que complicou o trânsito foi tomada por causa de pacote suspeito; policiamento foi reforçado

Falso alarme em Nova York fecha ponte do Brooklin

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A ponte do Brooklyn, um dos principais elos de ligação da ilha de Manhattan com o continente, foi fechada na manhã de ontem, poucas horas depois de o FBI (polícia federal dos EUA) ter anunciado que Nova York poderia ser alvo de novos ataques terroristas, que visariam principalmente monumentos da cidade como a Estátua da Liberdade. O alarme, no entanto, era falso.
O tráfego foi interrompido por uma hora depois de a polícia ter encontrado um pacote suspeito, que depois verificou se tratar de uma marmita. A segurança continuou reforçada durante o resto do dia, tanto nas pontes e túneis quanto nos principais pontos turísticos e de concentração de público, como as estações de metrô.
O aviso do FBI de terça-feira citava "ameaças gerais", a partir de informações que teriam sido obtidas com membros da rede terrorista Al Qaeda e do governo afegão deposto do Taleban detidos na base militar americana de Guantânamo, em Cuba. A reação de parte da população ontem misturava descrédito e raiva.
"Não vejo a possibilidade de um atentado", disse Frank Rios, que trabalha nas balsas que ligam o sul de Manhattan à Liberty Island, onde fica a Estátua da Liberdade. "Todo o mundo está ficando estressado sobre o alerta, mas acho que a segurança da cidade está funcionando direito."
O monumento, um dos alvos citados, continua fechado ao público desde o ataque de 11 de setembro, mas o acesso à ilha em que está localizada ocorria normalmente ontem. A diferença é que os turistas eram revistados e tinham de passar bolsas e sacolas pelo raio-x antes de subir ao barco.
"Eu não estou assustada", disse Xalya Graves, que passeava no Bryant Park, atrás da Biblioteca Pública, no centro de Manhattan. "Estou com raiva, porque eles não abrem o jogo nem são específicos com a gente." Concordava Jeffrey Thaler, ex-funcionário do World Trade Center: "Eles avisam para se livrarem da responsabilidade se depois acontecer algo".
Tal sentimento causou reação tanto do atual prefeito da cidade, Michael Bloomberg, quanto o "de honra", que comandou Nova York durante a crise do ano passado, Rudolph Giuliani. "Se notar algo, chame a polícia. Enquanto isso, saia para passear, pois quanto mais gente nas ruas menor a possibilidade de um ataque", disse Bloomberg. "Não vou desviar meu caminho só para evitar a ponte", afirmou Giuliani. Pouco antes, porém, o ex-prefeito havia dito que os EUA deveriam se preparar "para o pior" e que 11 de setembro tinha servido para abrir os olhos: "Pessoas nos odeiam apenas por sermos americanos".

Bin Laden
Rumores de que o terrorista saudita Osama Bin Laden, que reivindicou os ataques de 11 de setembro, teria sido preso por tropas dos EUA circularam ontem em Nova York, causando alta na Bolsa de Valores. O governo negou o boato.
Já o tablóide "The Daily News" disse ontem que o egípcio Mohammed Atta, considerado pelo governo dos EUA como o líder dos 19 sequestradores dos aviões em 11 de setembro, teria estado em Nova York nos dias 9 e 10 de setembro e visitado uma das torres do World Trade Center para rechecar dados de navegação. O FBI não confirmou a informação.



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