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ÁSIA
Paquistão reage declarando "apoio moral" a separatistas na Caxemira, região disputada pelos dois países, que têm armas nucleares
Índia diz que "é hora do combate decisivo"
DA REUTERS
O premiê indiano, Atal Behari
Vajpayee, disse ontem a seus soldados na fronteira com o Paquistão que havia chegado a hora de
um "combate decisivo" com seu
vizinho e adversário nuclear.
Os dois Exércitos voltaram a se
enfrentar ontem na Caxemira, região que causou duas das três
guerras entre os dois países. Segundo um funcionário do governo paquistanês, três civis morreram e vários ficaram feridos.
Os termos fortes usados por
Vajpayee intensificaram temores
de que a Índia esteja se preparando para uma guerra para forçar
Islamabad a reprimir separatistas
baseados no Paquistão.
Mas o Paquistão, em sua primeira reação significativa a uma
série de ameaças após um ataque
a um acampamento militar indiano na Caxemira que deixou 30
mortos na semana passada, prometeu combater "terroristas".
O compromisso foi uma renovação de uma promessa feita por
Musharraf em 12 de janeiro e que,
segundo a Índia, ele já quebrou.
"O governo não vai permitir
que o território do Paquistão ou
qualquer outro cuja defesa é responsabilidade do Paquistão seja
usado para qualquer atividade
terrorista em qualquer lugar do
mundo", declarou o governo.
Mais cedo, Vajpayee dissera que
sua visita a soldados em Kupwara
(norte da Caxemira) deveria ser
vista como um sinal. "Estejam
preparados para sacrifícios. Mas
nosso objetivo deve ser a vitória.
Porque agora é a hora de um
combate decisivo", afirmou ele.
A Índia também suspendeu as
folgas de seus soldados e moveu
ontem cinco navios de guerra para perto do sul do Paquistão.
Os rivais mobilizaram cerca de 1
milhão de soldados na fronteira
desde que a Índia culpou o Paquistão por um ataque a seu Parlamento, em dezembro.
As tensões aumentaram após o
assassinato, anteontem, de Abdul
Gani Lone, um líder separatista
moderado, em Srinagar.
Alguns líderes indianos culpam
o Paquistão pela morte de Lone,
enquanto o Paquistão acusou as
"forças de ocupação" da Índia na
Caxemira.
A declaração do Paquistão ontem, emitida após uma reunião
do gabinete de Musharraf, repetiu
sua promessa de dar "apoio moral, político e diplomático" ao que
chama de luta legítima pela autodeterminação na Caxemira. Nova
Déli acusa Islamabad de incitar e
armar separatistas na parte da Caxemira controlada pela Índia.
O Paquistão também afirmou
que responderia a um eventual
ataque da Índia com "força total".
Analistas dizem esperar que a
Índia dê à comunidade internacional, e particularmente aos
EUA, mais tempo para pressionar
Musharraf a reprimir radicais.
Mas, segundo alguns, o eterno
risco de um ataque na Índia que
force Nova Déli a contra-atacar
-ou de uma reação fundamentalista contra Musharraf no Paquistão- está transformando a crise
em um jogo perigoso de blefes.
"A ironia é que a hora do conflito pode não ser decidida nem pela
Índia nem pelo Paquistão, mas
por um terrorista", disse o analista indiano Brahma Chellaney.
Musharraf enfrenta oposição
interna tanto por causa de sua
promessa de combater o extremismo religioso quanto por ter
apoiado a campanha dos EUA
contra a Al Qaeda no Afeganistão.
Citando o risco de ataques por
radicais, o Reino Unido retirou
diplomatas do Paquistão e aconselhou britânicos a deixar o país.
O ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, irá à
região na próxima semana, pouco
antes do vice-secretário de Estado
dos EUA, Richard Armitage.
"Essa é uma situação perigosa, e
todos os nossos esforços têm o
objetivo de encorajá-los a diminuir a tensão na fronteira", disse
ontem o secretário da Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld.
O comissário para Questões Externas da União Européia, Chris
Patten, disse ontem em Islamabad que os dois países deveriam
se unir contra o terrorismo.
Cerca de 45% da Caxemira é controlada pela Índia, 35%, pelo Paquistão e o resto, pela China.
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