São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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IGREJA

Pela primeira vez desde o início do papado, João Paulo 2º precisa usar um elevador de carga para descer do avião

Na Ásia, papa dá mais sinais de fragilidade

France Presse
O papa João Paulo 2º descansa em Baku (capital do Azerbaijão)


DA REDAÇÃO

Pela primeira vez, desde que assumiu o papado, em 1978, João Paulo 2º, 82, teve de desembarcar de um avião usando um elevador de carga adaptado, e não as escadas da aeronave.
O novo sinal de sua fragilidade foi dado ontem, quando o papa chegou ao Azerbaijão (Ásia central), numa viagem de cinco dias que também o levará à Bulgária.
Assim como já havia ocorrido no sábado passado, durante a comemoração de seu aniversário, ele não conseguiu ler todo o texto preparado para a chegada. Depois da introdução, um padre acabou de ler a mensagem.
"Até meu último suspiro vou clamar: "Paz, em nome de Deus!'", disse João Paulo 2º.
Questionado sobre o significado da afirmação, o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, disse: "É uma reafirmação de sua intenção de continuar no cargo".
"Há limitações físicas evidentes, mas a questão real é se essas limitações o impedem ou não de continuar a cumprir seus deveres e suas viagens. Ele está mostrando que essas limitações não são um impedimento", completou.
Essa também será a primeira vez que o pontífice dormirá em um hotel, já que não há representação da Santa Sé no Azerbaijão.
País de maioria islâmica, o Azerbaijão tem cerca de 7,5 milhões de habitantes e apenas 120 seguidores da Igreja Católica.

Renúncia
Os dias que antecederam a celebração do aniversário do papa, no último sábado, foram marcados pelo retorno dos debates sobre uma possível renúncia por motivos de saúde.
Essas especulações parecem se tornar recorrentes sempre que se aproximam datas marcantes do pontificado.
Semana passada, cardeais importantes afirmaram que João Paulo 2º teria "a coragem de renunciar" caso sentisse que não é mais capaz de cumprir seus deveres como líder da Igreja Católica.
Desde 1993, o papa tem manifestado claros sintomas do mal de Parkinson, uma desordem do sistema nervoso. Destacam-se entre esses sintomas visíveis um tremor quase incontrolável de seu braço esquerdo e uma rigidez de seus músculos faciais.
O papa sofre também de uma artrose no joelho e das consequências do atentado a tiros que quase o matou em 1981.
De tempos em tempos surgem rumores de que uma operação ortopédica será necessária.
Hoje, ele celebra uma missa no país e amanhã deve partir para a Bulgária, país de 9 milhões de habitantes, em sua maioria cristãos ortodoxos. Há protestos no país contra a visita do pontífice.

Ali Agca
O presidente da Turquia, Necdet Sezer, assinou uma lei de anistia que pode levar à libertação, daqui a cinco anos, do turco Mehmet Ali Agca, autor dos tiros contra o papa em 1981.
A nova lei deve diminuir em dez anos a maioria das sentenças. Ali Agca cumpriu 20 anos de prisão na Itália por causa do atentado contra o pontífice. Perdoado pela Itália, ele foi transferido para a Turquia, onde cumpre o segundo ano de uma pena de 17 anos por ter roubado uma fábrica e matado um jornalista em 1979.
O presidente já havia vetado a lei, mas seu veto foi derrubado pelo Parlamento, não sendo possível um novo veto. A Suprema Corte da Turquia, no entanto, ainda pode anular a lei.

Com agências internacionais


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