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Ex-presidente vai processar diário por 'calúnia'
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O ex-presidente argentino
Carlos Menem disse ontem
que vai processar o jornal
"The New York Times" pela
reportagem "mentirosa" em
que é acusado de ter recebido US$ 10 milhões para encobrir os culpados pelo atentado contra a sede da comunidade judaica em 1994.
"É uma informação falsa,
uma mentira. Contratarei
um escritório jurídico nos
EUA para dar início a um
processo por danos, prejuízos, calúnias, injúrias e difamação. Não vou me silenciar", disse à rede CNN.
A acusação ocorre em um
momento em que Menem
parecia ter ressuscitado para
a vida política. Preso até novembro passado por suposto envolvimento em contrabando de armamentos para
a Croácia e o Equador, ele foi
beneficiado pela desistência
do governador de Santa Fé,
Carlos Reutemann, de concorrer à Presidência.
A decisão de Reutemann
abriu espaço para Menem,
agora principal candidato ao
cargo pelo Partido Justicialista (peronista), o mais importante da Argentina.
Para analistas ouvidos pela
Folha, a denúncia não deve
tirar de Menem a posição de
favorito do PJ para a eleição
de março, já que há dúvidas
sobre a viabilidade dos demais pré-candidatos -os
governadores José Manuel
de la Sota (Córdoba), Juan
Carlos Romero (Salta) e
Néstor Kirchner (Santa
Cruz), além do ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá.
O analista Oscar Raúl Cardozo diz que Menem, que já
tem índice de rejeição de
70%, terá a imagem ainda
mais desgastada. "Apesar de
sempre ter escapado da Justiça, Menem sofreu uma espécie de condenação social
nos últimos anos. Com uma
denúncia como essa, fica
mais difícil para ele passar
por cima do passado."
Já o analista Rosendo Fraga descartou que as relações
do ex-presidente com o governo americano possam ser
afetadas por uma denúncia
de ajuda ao Irã em um atentado. Para ele, agrada aos
EUA proposta de Menem de
aumentar o policiamento na
tríplice fronteira (Paraguai,
Argentina e Brasil). A região
é considerada um foco de
terrorismo, e o apoio viria
em um momento em que os
EUA pedem ajuda ao mundo na guerra contra o terror.
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