São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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Ex-presidente vai processar diário por 'calúnia'

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O ex-presidente argentino Carlos Menem disse ontem que vai processar o jornal "The New York Times" pela reportagem "mentirosa" em que é acusado de ter recebido US$ 10 milhões para encobrir os culpados pelo atentado contra a sede da comunidade judaica em 1994.
"É uma informação falsa, uma mentira. Contratarei um escritório jurídico nos EUA para dar início a um processo por danos, prejuízos, calúnias, injúrias e difamação. Não vou me silenciar", disse à rede CNN.
A acusação ocorre em um momento em que Menem parecia ter ressuscitado para a vida política. Preso até novembro passado por suposto envolvimento em contrabando de armamentos para a Croácia e o Equador, ele foi beneficiado pela desistência do governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, de concorrer à Presidência.
A decisão de Reutemann abriu espaço para Menem, agora principal candidato ao cargo pelo Partido Justicialista (peronista), o mais importante da Argentina.
Para analistas ouvidos pela Folha, a denúncia não deve tirar de Menem a posição de favorito do PJ para a eleição de março, já que há dúvidas sobre a viabilidade dos demais pré-candidatos -os governadores José Manuel de la Sota (Córdoba), Juan Carlos Romero (Salta) e Néstor Kirchner (Santa Cruz), além do ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá.
O analista Oscar Raúl Cardozo diz que Menem, que já tem índice de rejeição de 70%, terá a imagem ainda mais desgastada. "Apesar de sempre ter escapado da Justiça, Menem sofreu uma espécie de condenação social nos últimos anos. Com uma denúncia como essa, fica mais difícil para ele passar por cima do passado."
Já o analista Rosendo Fraga descartou que as relações do ex-presidente com o governo americano possam ser afetadas por uma denúncia de ajuda ao Irã em um atentado. Para ele, agrada aos EUA proposta de Menem de aumentar o policiamento na tríplice fronteira (Paraguai, Argentina e Brasil). A região é considerada um foco de terrorismo, e o apoio viria em um momento em que os EUA pedem ajuda ao mundo na guerra contra o terror.



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