São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Fundador do braço armado do grupo, Shehada estava no topo de lista de terroristas procurados pelos israelenses

Israel ataca casa de líder do Hamas e mata 11

DA REDAÇÃO

Um caça F-16 israelense disparou em Gaza mísseis contra a casa do homem mais procurado por Israel, o xeque Salah Shehada, 40, líder do braço armado do grupo extremista Hamas. Fontes israelenses disseram que Shehada morreu no ataque. O Hamas admitiu sua morte, mas depois a negou. Ao menos outras 11 pessoas morreram na ação e até cem ficaram feridas, segundo testemunhas palestinas. Entre os mortos estariam a mulher de Shehada e três de seus filhos.
O Hamas afirmou que irá responder ao ataque. "Não apenas o Hamas vingará seus mártires, mas todo o povo palestino se unirá para vingá-los", disse Ismail Haniyeh, porta-voz do grupo.
Shehada é fundador do Izzadin al Qassam, braço militar do Hamas que reivindicou vários atentados suicidas contra Israel em quase dois anos de Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense). Ele estava havia dois anos no topo da lista dos terroristas mais procurados pelo Exército israelense e era tido como um possível sucessor do xeque Ahmed Yassin como líder espiritual do Hamas.
Com grande envolvimento em atividades terroristas, Shehada foi um dos líderes da primeira Intifada (1987-93) e passou alguns anos em prisões israelenses. Segundo Israel, ele esteve por trás de dezenas de atentados assumidos pelo Hamas. Israel o acusa também de participar da fabricação de mísseis Qassam, que foram disparados contra assentamentos judaicos dentro da faixa de Gaza e em território israelense.
Nos últimos meses, o serviço de segurança israelense recebeu informações de que Shehada estava fazendo contatos com membros do Hamas na Cisjordânia, apesar da separação física das duas áreas. Militantes do grupo em Nablus estavam recebendo ordens dele.
Não foi a primeira vez que Israel tentou matar Shehada. Em outras ocasiões, ele conseguiu escapar. Sabendo que era procurado, o líder do Hamas passou longos períodos em abrigos subterrâneos. Quando o Exército considerou a hipótese de realizar uma operação militar na faixa de Gaza, em maio, a captura de Shehada era um dos principais objetivos.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) disse que o ataque contra Shehada era um "crime contra a humanidade". Até o fechamento desta edição, Israel ainda não havia comentado a ação.
Ao menos 1.447 palestinos e 559 israelenses morreram na Intifada, iniciada em setembro de 2000.
Antes do ataque de ontem em Gaza, que pode intensificar ainda mais a Intifada, o chanceler de Israel, Shimon Peres, havia dito que seu país planejava se retirar de Belém e Hebron -duas das sete cidades palestinas reocupadas depois de atentados palestinos- após a ANP assumir a segurança local. O governo anunciou ainda que descongelará cerca de US$ 20 milhões confiscados da ANP.
As medidas eram fruto da retomada do diálogo entre as partes.


Com agências internacionais


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