São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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Passageiros tentaram, mas não arrombaram a cabine do vôo 93

DA REDAÇÃO

Os passageiros a bordo do vôo 93, da United Airlines, que caiu em área rural da Pensilvânia, reagiram contra os seqüestradores, mas não conseguiram entrar na cabine do avião, concluiu a comissão do 11 de Setembro.
A afirmação, incluída no dramático relato do vôo, contradiz a crença firme de algumas das famílias das vítimas segundo a qual os passageiros tiveram acesso à cabine e lutaram com os seqüestradores até os momentos finais.
Em ligações telefônicas realizadas de dentro do avião, um Boeing-757, quatro passageiros disseram que eles e outros viajantes planejavam enfrentar os seqüestradores depois de informados sobre os ataques ao World Trade Center, em Nova York, realizados momentos antes.
Com as palavras "vamos derrubar", passageiros correram pelo estreito corredor na tentativa de subjugar os seqüestradores.
Baseada nas gravações da cabine e nas informações do vôo, a comissão afirma que, às 9h58, o piloto-terrorista Ziad Jarrah balançou violentamente as asas do avião e disse a outro seqüestrador para bloquear a porta.
"Às 10h, Jarrah estabilizou o avião", disse o relatório.
Apenas cinco segundos mais tarde, com os sons de luta fora da cabine, Jarrah pergunta: "É isso? Vamos terminar com isso?". Outro seqüestrador, não identificado, responde: "Ainda não. Quando todos vierem, terminamos".
Jarrah então começa a jogar o nariz do avião para cima e para baixo para tentar desequilibrar os passageiros.
Segundos mais tarde, um passageiro que não foi identificado grita: "Para dentro da cabine! Se não conseguirmos, morreremos!". Mais 16 segundos, e outro passageiro grita: "Derrubem!".
Os investigadores já haviam dito que os passageiros provavelmente tentaram usar um carrinho de comida para quebrar a porta.
Jarrah grita: "Allah é o maior! Allah é o maior!". E pergunta ao comparsa: "É isso? Quero dizer, vamos derrubar?".
O outro seqüestrador responde: "Sim, vamos para baixo".
Quase 90 segundos mais tarde, o avião rodopiou e caiu num campo da Pensilvânia a mais de 928 km/h, matando todos a bordo.
A comissão concluiu que os seqüestradores permaneceram no controle do avião, "mas devem ter avaliado que os passageiros estavam a segundos de dominá-los".
A comissão disse que o destino dos seqüestradores era Washington e elogiou a coragem dos passageiros, afirmando que sua luta "salvou as vidas de inúmeros outros e pode ter salvo o Congresso ou a Casa Branca da destruição".
A agência Associated Press relatou no ano passado que a teoria do governo sobre o vôo 93 -descrita pelo diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Mueller, a investigadores do Congresso- também havia concluído que passageiros enfrentaram os terroristas, mas nunca chegaram a entrar na cabine.
A queda do avião na Pensilvânia tem sido alvo de várias especulações -uma das mais fortes é a de que foi abatido por aviões militares, versão negada com veemência pelo Pentágono.


Com agências internacionais


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