São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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TRAGÉDIA

Governo revê número depois de anunciar 139 mortos

Descarrilamento de trem mata 36, e Turquia não descarta sabotagem

DA REDAÇÃO

O descarrilamento de um trem de alta velocidade que ia de Istambul a Ancara, na Turquia, deixou 36 mortos e pelo menos 68 feridos ontem, segundo informou o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan. Autoridades do país não descartam a possibilidade de um ato de sabotagem.
Mais cedo, o Ministério da Saúde do país havia dito que os mortos chegavam a 139. Mas os dados foram revistos horas depois.
O governo turco alegou que os balanços anteriores, "errôneos", foram feitos em meio ao caos provocado pelo desastre e a "informações contraditórias" transmitidas às autoridades.
Forte aliado dos EUA e de Israel e uma espécie de ponte entre o Oriente e o Ocidente, a Turquia sofreu quatro atentados em novembro do ano passado, contra duas sinagogas, o Consulado do Reino Unido e um banco britânico, todos em Istambul.
A autoria dos ataques, com um saldo de mais de 60 mortos, foi reivindicada pelas Brigadas de Abu Hafs al Masri, grupo ligado à rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos atentados do 11 de Setembro. O grupo também assumiu a autoria dos ataques coordenados que atingiram o metrô de Madri em março deste ano, causando a morte de 192 pessoas e ferindo mais de 1.400.

"Todas as possibilidades"
"Estamos avaliando todas as possibilidades", disse Muammer Turker, chefe do serviço de emergência de Sakarya, Província onde ocorreu o desastre, ao ser questionado se sabotagem era uma possibilidade. Havia suspeita ainda de que poderia ter havido falha mecânica.
O premiê Erdogan cancelou uma viagem à Bósnia prevista para hoje e foi ao local do acidente.
Segundo o chefe do serviço ferroviário, Suleyman Karaman, uma equipe foi enviada ao local para investigar o caso e determinar a causa do desastre, que pode ser anunciada hoje.
Pelo menos quatro vagões do trem descarrilaram e colidiram perto do localidade de Pamukova, a 183 km de Istambul, às 19h45, no horário local (14h15 em Brasília). O trem levava 234 passageiros e nove funcionários no momento do acidente.
"O trem estava um pouco rápido nas curvas", disse Namik Kemal Ozden, um dos sobreviventes, hospitalizado. "Houve vibrações. Meu primo e eu nos abraçamos. As janelas quebraram, e caímos. Só entendemos o que havia acontecido quando saímos."
A escuridão dificultava as operações de resgate, com soldados buscando os destroços e tratando os feridos com lanternas. "A cena é de uma carnificina", disse o jornalista Oguz Dizer, que viajava pela região, a uma rede de TV turca. "Há pedaços de corpos por todos os lados."

Controvérsias
O trem de alta velocidade havia começado a operar no início de junho em meio a controvérsias, com alegações de que os trilhos estavam velhos demais e não agüentariam o impacto dos novos trens.
Karaman afirmou que o condutor teria dito que o trem estava viajando em uma velocidade normal e que "não podia entender o que havia dado errado".
Não se sabia, no entanto, a velocidade exata da composição, cuja locomotiva é capaz de alcançar 150 km/hora, no momento do acidente.


Com agências internacionais

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