São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chávez busca investimentos na China

Visita e assinatura de tratado de livre comércio com o Chile ampliam laços entre país asiático e América Latina

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, iniciou ontem sua quarta viagem oficial à China, em busca de investimentos nas áreas de petróleo, telecomunicações e ferrovias. Enquanto Chávez voava para Pequim, na segunda-feira, sua colega chilena, Michelle Bachelet, assinava o primeiro tratado de livre comércio entre um país da América Latina e a China.
Os dois fatos integram a crescente teia de relações que une o país asiático e os latinos, tecida sobre a oferta de matérias-primas e energia da região e as necessidades da economia que mantêm há anos o mais alto índice de expansão do mundo.
Desde o início desta década, a China vem demandando quantidades cada vez maiores de recursos naturais para alimentar seu ritmo de crescimento.
Em poucos anos, o antigo Império do Meio passou a estar entre os mais importantes parceiros comerciais de países como Brasil, Argentina, Peru, Chile e México.
No ano de 2004, as exportações da região para a China cresceram 46%, para US$ 21,7 bilhões, enquanto as importações deram um salto de 53% e atingiram US$ 17,9 bilhões. Em 1990, as vendas latino-americanas para a China eram de apenas US$ 1,5 bilhão. Autoridades chinesas esperam elevar o comércio com a região a US$ 100 bilhões até 2010.
A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, o que explica em parte o interesse nas relações com a Venezuela. A nação dirigida por Hugo Chávez é o quinto maior exportador de petróleo do planeta e tem nos Estados Unidos o seu principal mercado. O país caribenho ocupa o quarto lugar entre os maiores fornecedores de petróleo dos EUA.
Por essa razão, a aproximação entre chineses e venezuelanos desperta preocupação em Washington. O jornal oficial do Partido Comunista chinês, o "Diário do Povo", publicou ontem artigo segundo o qual a relação bilateral não representa ameaça aos norte-americanos.
Mas o texto deixou clara a importância do país de Hugo Chávez para os chineses. "A relação estratégica sino-venezuelana está mais forte do que nunca", diz o artigo, assinado por Wu Hongying, especialista em América Latina do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas.
Além da Venezuela, a China é bastante próxima de Cuba, outro adversário dos EUA na região. O país de Fidel Castro foi incluído no roteiro das visitas oficiais que o presidente Hu Jintao e seu antecessor, Jiang Zemin, fizeram à América Latina. E dirigentes de Cuba viajam com freqüência à China.
Outro país que se aproxima do asiático é a Bolívia, dona de enormes reservas de gás. A China foi o destino da primeira viagem oficial do presidente Evo Morales, logo que ele tomou posse, em janeiro.
Ao lado da expansão do comércio, o país asiático vem ampliando os investimentos na região. No ano passado, comprou por US$ 1,4 bilhão a petroleira EnCana, no Equador. A lista de negócios inclui investimentos em minas de níquel em Cuba e na produção de cobre no Chile.
A ampliação da presença chinesa na região, considerada de influência natural dos Estados Unidos, vem sendo objeto de depoimentos de integrantes do governo de George W. Bush no Congresso norte-americano.
Também motivou uma inédita viagem a Pequim de Thomas Shannon, o funcionário do Departamento de Estado dos EUA responsável pela América Latina. Foi a primeira vez que o assunto foi discutido dessa forma com a China.


Texto Anterior: Após prisões, Israel indicia o líder do Parlamento palestino
Próximo Texto: Queda de avião russo mata 170
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.