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Chávez busca investimentos na China
Visita e assinatura de tratado de livre comércio com o Chile ampliam laços entre país asiático e América Latina
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, iniciou ontem
sua quarta viagem oficial à China, em busca de investimentos
nas áreas de petróleo, telecomunicações e ferrovias. Enquanto Chávez voava para Pequim, na segunda-feira, sua colega chilena, Michelle Bachelet,
assinava o primeiro tratado de
livre comércio entre um país da
América Latina e a China.
Os dois fatos integram a crescente teia de relações que une o
país asiático e os latinos, tecida
sobre a oferta de matérias-primas e energia da região e as necessidades da economia que
mantêm há anos o mais alto índice de expansão do mundo.
Desde o início desta década, a
China vem demandando quantidades cada vez maiores de recursos naturais para alimentar
seu ritmo de crescimento.
Em poucos anos, o antigo
Império do Meio passou a estar
entre os mais importantes parceiros comerciais de países como Brasil, Argentina, Peru,
Chile e México.
No ano de 2004, as exportações da região para a China
cresceram 46%, para US$ 21,7
bilhões, enquanto as importações deram um salto de 53% e
atingiram US$ 17,9 bilhões. Em
1990, as vendas latino-americanas para a China eram de
apenas US$ 1,5 bilhão. Autoridades chinesas esperam elevar
o comércio com a região a US$
100 bilhões até 2010.
A China é o segundo maior
consumidor de petróleo do
mundo, o que explica em parte
o interesse nas relações com a
Venezuela. A nação dirigida por
Hugo Chávez é o quinto maior
exportador de petróleo do planeta e tem nos Estados Unidos
o seu principal mercado. O país
caribenho ocupa o quarto lugar
entre os maiores fornecedores
de petróleo dos EUA.
Por essa razão, a aproximação entre chineses e venezuelanos desperta preocupação em
Washington. O jornal oficial do
Partido Comunista chinês, o
"Diário do Povo", publicou ontem artigo segundo o qual a relação bilateral não representa
ameaça aos norte-americanos.
Mas o texto deixou clara a
importância do país de Hugo
Chávez para os chineses. "A relação estratégica sino-venezuelana está mais forte do que
nunca", diz o artigo, assinado
por Wu Hongying, especialista
em América Latina do Instituto
Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas.
Além da Venezuela, a China é
bastante próxima de Cuba, outro adversário dos EUA na região. O país de Fidel Castro foi
incluído no roteiro das visitas
oficiais que o presidente Hu
Jintao e seu antecessor, Jiang
Zemin, fizeram à América Latina. E dirigentes de Cuba viajam
com freqüência à China.
Outro país que se aproxima
do asiático é a Bolívia, dona de
enormes reservas de gás. A China foi o destino da primeira viagem oficial do presidente Evo
Morales, logo que ele tomou
posse, em janeiro.
Ao lado da expansão do comércio, o país asiático vem ampliando os investimentos na região. No ano passado, comprou
por US$ 1,4 bilhão a petroleira
EnCana, no Equador. A lista de
negócios inclui investimentos
em minas de níquel em Cuba e
na produção de cobre no Chile.
A ampliação da presença chinesa na região, considerada de
influência natural dos Estados
Unidos, vem sendo objeto de
depoimentos de integrantes do
governo de George W. Bush no
Congresso norte-americano.
Também motivou uma inédita viagem a Pequim de Thomas Shannon, o funcionário do
Departamento de Estado dos
EUA responsável pela América
Latina. Foi a primeira vez que o
assunto foi discutido dessa forma com a China.
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