São Paulo, Quinta-feira, 23 de Setembro de 1999
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TEST DRIVE

Público faz teste de carro elétrico

de Paris

Dia sem carros, mas dia útil -até mesmo para as montadoras de automóvel. A 50 m da praça da Bastilha, uma grande empresa francesa montou um estande para tentar provar aos parisienses que carros não são, necessariamente, poluentes.
Incentivadas pelo governo, Peugeot e Renault fabricam carros elétricos. Esperavam estar vendendo 100 mil unidades por ano até o ano 2000, mas não conseguem passar de 5% disso ainda.
"O senhor quer dar uma volta, podemos levá-lo aonde quiser", perguntava uma jovem vendedora às pessoas na rua.
O carro que ela exibe é um modelo a eletricidade fabricados pela Peugeot -e, portanto, autorizado a circular ontem na região central. É idêntico a um modelo popular na França.
Quem me conduz é o motorista Vincent Loussourarn. "Eu não sou vendedor, não sou funcionário da Peugeot", avisa. Nem por isso esconde o entusiasmo.
"A diferença de preço é grande (um carro normal custa US$ 10,9 mil, o elétrico, US$ 14,9 mil), mas deve compensar. Em duas horas, você abastece para 200 km por apenas US$ 1,30", diz, enquanto passeamos.
Vincent vai desfiando vantagens do carro elétrico: 1) "O governo ajuda a pagar (há uma ajuda de cerca de US$ 800)"; 2) "Não faz barulho"; 3) "É um cabo simples, dá para ligar na tomada, você paga quando chegar a conta"; 4) "É mais durável"; 5) "As 20 baterias duram quatro anos e você aluga por um preço irrisório. São 99% recicláveis".
Passamos ao redor do Louvre, pelo cais do rio Sena na região. O tráfego, de táxis e ônibus, não lembra em nada o de Paris em dias normais.
Mas, com tantas qualidades, por que quase ninguém compra carros elétricos?, pergunto.
"Bom, continua a ser um carro de cidade, porque a autonomia ainda é pequena", acha ele. "O porta-malas é pequeno" (em parte ocupado por baterias), diz. E, finalmente: "Ele não vai a mais de 90 km/h. Correndo, a bateria acaba logo".
O carro não polui e é silencioso, mas o consumidor ainda não comprou a idéia. (HCS)


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