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Vitória é triunfo pessoal de chanceler e Fischer
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
A eleição legislativa alemã teve
dois grandes vencedores: o chanceler (premiê) Gerhard Schröder
e o ministro da Relações Exteriores, Joschka Fischer, o principal
responsável pela manutenção da
atual coalizão -Partido Social-Democrata e Verdes- no poder.
Há pouco mais de um mês, a vitória parecia impossível para o
chanceler social-democrata, que
não conseguia convencer o eleitorado de que, embora tivesse dito o
contrário quatro anos antes, merecia a reeleição apesar de não ter
cumprido a promessa de reduzir
o número de desempregados para
3,5 milhões. Após seus quatro
anos à frente do governo, ainda há
mais de 4 milhões de pessoas sem
emprego no país (9,9% de sua população ativa).
Seu principal oponente, o conservador Edmund Stoiber, reputado por sua competência, insistia
em lembrar a promessa não cumprida e, buscando não cometer
nenhum deslize, mantinha-se na
frente das pesquisas. Aí as coisas
começaram a mudar para Schröder graças à catástrofe ambiental
causada pelas inundações que
atingiram o leste do país.
Com seriedade e brilho midiático, o chanceler soube ganhar votos com a administração da crise,
encostando nas pesquisas e desviando a atenção do eleitorado do
fraco balanço econômico de seu
governo. Em seguida, apostou na
tradição pacifista alemã e, num
debate na TV, afirmou categoricamente que, sob seu comando,
os alemães não participariam de
uma ofensiva contra o Iraque.
Finalmente, Schröder decidiu
pôr suas fichas na manutenção da
atual coalizão governamental,
apoiando abertamente os Verdes,
de Fischer, e chegando ao ponto
de realizar um inédito comício
conjunto em Berlim (capital da
Alemanha).
O líder dos Verdes, de passado
conturbado de militância política
-nas décadas de 60 e 70-, é o
político mais popular da Alemanha. Após o pleito de ontem, seu
partido poderá até pleitear um
quarto ministério na administração, pois, sem os votos por ele obtido, dificilmente os social-democratas conseguiriam a governabilidade necessária para liderar o
país por mais quatro anos.
Pouco depois de admitir a derrota, Stoiber prometeu fazer uma
ferrenha oposição ao governo
reeleito, chegando a declarar que
a coalizão não se sustentaria no
poder "por mais de um ano". Na
verdade, segundo Manfred
Nitsch, da Universidade Livre de
Berlim, isso é pouco provável. Afinal, na Alemanha, para exigir a
queda de um governo, a oposição
é obrigada a apresentar um candidato alternativo.
Ora, se isso ocorrer, dificilmente
os conservadores e os liberais
conseguirão eleger seu candidato,
já que, além das prováveis dez cadeiras a mais da coalizão governamental, o Bundestag ainda terá
dois de seus assentos ocupados
pelos socialistas. Estes, em nenhuma hipótese, votariam para um
candidato conservador, pois correriam o risco de perder ainda
mais sua base de apoio.
(MSM)
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