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Só Verdes puderam comemorar
RODRIGO UCHÔA
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Só os Verdes puderam comemorar quando saíram as primeiras pesquisas de boca-de-urna
por volta das 18h de ontem (13h
em Brasília). Schröder e Stoiber se
autoproclamaram ganhadores,
mas foram obrigados a esperar a
apuração. Já entre os liberais, o
clima era de desânimo profundo.
Assim foi o clima ontem à tarde
nas sedes dos principais partidos
da Alemanha, ante a indefinição
na contagem dos votos -uma indefinição que durou até o fim da
noite e acirrou os tradicionalmente "ânimos gélidos" dos alemães.
Na Casa de Willy Brandt, como
é conhecida a sede do SPD, o clima era de apreensão e de disfarçado otimismo. Questionado sobre
por que achava que iria ganhar,
mesmo apresentando um retrospecto sofrível no combate ao desemprego, o diretor do Departamento de Política Internacional
do partido, Achim Post, disse que
o atual chanceler (premiê) mostrara ser o homem mais capaz para dirigir o país.
"Falhamos sim no combate ao
desemprego, mas esse não pode
ser o único tema de uma eleição.
Os alemães entenderam que a crise internacional nos afetou muito.
Agora é uma questão de que rumo o país deve tomar", disse.
Os Verdes tinham o que comemorar: aumentaram sua participação no Parlamento e se colocaram na posição mais privilegiada
desde que passaram a participar
da coalizão de governo, em 1998.
"Fizemos uma campanha inteligente e lutamos até o fim. Estamos agora recebendo os louros",
disse Claudia Roth, vice-líder do
partido. "Nos próximos anos, a
Alemanha vai continuar batalhando por mais justiça social e
por ecologia."
"Temos certeza de que continuaremos no governo e sabemos
que nos firmamos como a terceira
força da Alemanha", disse Melina
Messer, 25, militante verde, na sede do partido, antes mesmo dos
resultados finais.
Nos liberais (FDP), o líder Guido Westerwelle mostrava ânimo
oposto. "Foi uma noite de desapontamento para nós." O FDP foi
ultrapassado pelos Verdes nas intenções de voto apenas na última
semana antes do pleito.
Stoiber declarou-se vencedor
no começo da noite (começo da
tarde, no Brasil), mas adotou um
tom mais comedido do que o dos
dias anteriores. Anteontem, em
Munique, durante a abertura da
tradicional Oktoberfest, ele afirmou que voltaria em 2003 para
tomar uma cerveja, mas dessa vez
como chanceler.
Uma coincidência contribuiu
para a ida dos eleitores aos postos
de votação: o metrô, o sistema de
bondes e os ônibus não estavam
cobrando durante todo o dia. Nada a ver com o pleito, era o "dia
sem carro", uma promoção que
acontece todos os anos na mesma
data em alguns países da Europa.
O jornalista Rodrigo Uchôa viajou a
convite do governo alemão
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