São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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Só Verdes puderam comemorar

RODRIGO UCHÔA
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Só os Verdes puderam comemorar quando saíram as primeiras pesquisas de boca-de-urna por volta das 18h de ontem (13h em Brasília). Schröder e Stoiber se autoproclamaram ganhadores, mas foram obrigados a esperar a apuração. Já entre os liberais, o clima era de desânimo profundo.
Assim foi o clima ontem à tarde nas sedes dos principais partidos da Alemanha, ante a indefinição na contagem dos votos -uma indefinição que durou até o fim da noite e acirrou os tradicionalmente "ânimos gélidos" dos alemães.
Na Casa de Willy Brandt, como é conhecida a sede do SPD, o clima era de apreensão e de disfarçado otimismo. Questionado sobre por que achava que iria ganhar, mesmo apresentando um retrospecto sofrível no combate ao desemprego, o diretor do Departamento de Política Internacional do partido, Achim Post, disse que o atual chanceler (premiê) mostrara ser o homem mais capaz para dirigir o país.
"Falhamos sim no combate ao desemprego, mas esse não pode ser o único tema de uma eleição. Os alemães entenderam que a crise internacional nos afetou muito. Agora é uma questão de que rumo o país deve tomar", disse.
Os Verdes tinham o que comemorar: aumentaram sua participação no Parlamento e se colocaram na posição mais privilegiada desde que passaram a participar da coalizão de governo, em 1998.
"Fizemos uma campanha inteligente e lutamos até o fim. Estamos agora recebendo os louros", disse Claudia Roth, vice-líder do partido. "Nos próximos anos, a Alemanha vai continuar batalhando por mais justiça social e por ecologia."
"Temos certeza de que continuaremos no governo e sabemos que nos firmamos como a terceira força da Alemanha", disse Melina Messer, 25, militante verde, na sede do partido, antes mesmo dos resultados finais.
Nos liberais (FDP), o líder Guido Westerwelle mostrava ânimo oposto. "Foi uma noite de desapontamento para nós." O FDP foi ultrapassado pelos Verdes nas intenções de voto apenas na última semana antes do pleito.
Stoiber declarou-se vencedor no começo da noite (começo da tarde, no Brasil), mas adotou um tom mais comedido do que o dos dias anteriores. Anteontem, em Munique, durante a abertura da tradicional Oktoberfest, ele afirmou que voltaria em 2003 para tomar uma cerveja, mas dessa vez como chanceler.
Uma coincidência contribuiu para a ida dos eleitores aos postos de votação: o metrô, o sistema de bondes e os ônibus não estavam cobrando durante todo o dia. Nada a ver com o pleito, era o "dia sem carro", uma promoção que acontece todos os anos na mesma data em alguns países da Europa.


O jornalista Rodrigo Uchôa viajou a convite do governo alemão


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