São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Para EUA, ataque seria contra o regime, não país, diz jornal

Ação teria foco em Saddam; estrutura seria poupada

DA REDAÇÃO

Uma eventual ação militar dos Estados Unidos contra o Iraque deverá ser focada no ditador Saddam Hussein e nas forças mais próximas que o sustentam no poder. A infra-estrutura do país e até mesmo forças militares supostamente menos comprometidas com Saddam seriam poupadas.
A informação é do diário "The Washington Post", baseada em fontes militares que planejam a operação contra o Iraque. Seria um ataque contra o regime de Saddam, não contra o país.
"Nosso interesse é fazer uma operação bem rápida, derrubar o regime, e depois sair, mostrando que será uma ação libertadora, não de ocupação", afirmou um dos planejadores militares americanos ao jornal.
A ação militar americana deverá acontecer simultaneamente pelo ar e por terra. Na Guerra do Golfo, em 1991, primeiro houve um forte bombardeio aéreo que durou cinco semanas antes das grandes operações terrestres.
Agora o bombardeio inicial deverá durar um ou dois dias, porém de forma muito mais intensa do que na Guerra do Golfo. Previsões mais conservadoras falam em no máximo dez dias ou duas semanas de ataques aéreos.
Os alvos serão, inicialmente, as baterias antiaéreas e aparatos que sirvam para o lançamento de armas químicas e biológicas. Em seguida, será a vez dos denominados "alvos do regime", como os palácios presidenciais, os guarda-costas de Saddam, sistemas de comunicação militar, instalações da polícia secreta e as bases da Guarda Republicana (principal força de elite de Saddam).
O objetivo será evitar o sofrimento da população com os ataques, derrubando o regime de Saddam o mais rapidamente possível, segundo afirmam os planejadores militares americanos.
"Não iremos destruir pontes e outros alvos de infra-estrutura. O alvo será o regime", diz o general da reserva Thomas McInerney.
As forças militares que se renderem ou não oferecerem resistência também deverão ser poupadas nos ataques, segundo uma pessoa que conhece bem o pensamento da Força Aérea dos EUA.

Dúvidas
O plano de ataque ainda não está completo, porém, segundo militares, já está tomando forma. Já estão definidos os alvos, o tamanho do contingente militar e quais armas serão utilizadas.
Porém há algumas dúvidas que dificultam a adoção de um plano definitivo. Os EUA não sabem qual será o comportamento de Saddam, tido como imprevisível, tampouco se os militares do país continuariam leais ou não a ele.
Existe ainda o temor de que haja uma resposta israelense a um possível ataque iraquiano (leia texto ao lado) e de que forças dos EUA possam enfrentar dificuldades em ações terrestres em Bagdá e outras cidades iraquianas.
Sobre o comportamento de Saddam, os EUA temem que ele comece a fazer uso de armas químicas e biológicas contra o Kuait e o Qatar, onde há um grande número de forças americanas, caso perceba uma movimentação militar que indique um iminente ataque contra o seu regime.
Os EUA também buscam evitar ao máximo efeitos colaterais de bombardeios. No caso de ataque a uma instalação com armas químicas, existe o risco de dispersão de gases tóxicos no ar, atingindo posteriormente centros populacionais não apenas do Iraque, como também de países vizinhos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, já está a par de todas as opções militares em estudo.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ao comentar a reportagem do "Washington Post", disse que a informação foi baseada em oficiais de baixo escalão, "mas é óbvio que estamos contra o regime, não contra o povo".
Em viagem à Polônia, onde participa de reunião da Otan (aliança militar ocidental), Rumsfeld confirmou que a ação desta vez será bem diferente da realizada na Guerra do Golfo.


Com agências internacionais


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