São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Ataque da Al Aqsa é o primeiro a ocorrer na cidade em sete meses

Mulher-bomba se explode e mata 2 em Jerusalém

DA REDAÇÃO

Uma mulher-bomba se explodiu ontem em Jerusalém, matando dois policiais israelenses e ferindo pelo menos 16 pessoas, no primeiro atentado na cidade em sete meses. A ação foi reivindicada pelo grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado a ao Fatah (facção política do presidente palestino Iasser Arafat).
O premiê de Israel, Ariel Sharon, prometeu agir com força e não descartou uma ação contra Arafat similar aos assassinatos dos líderes do Hamas, xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi, ocorridos neste ano. "Quando chegar a hora, nós agiremos da mesma forma contra Arafat", disse o premiê, que considera o líder palestino um terrorista. Sharon já fez a ameaça outras vezes, mas os EUA, principais aliados de Israel, se opõem a um ataque contra o líder palestino.
Horas mais tarde, as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa ameaçaram matar Sharon se ele cumprir a promessa de matar Arafat.
O ataque de ontem, na antevéspera do Yom Kippur (dia do perdão judaico), ocorreu em French Hill, uma região habitada por muitos judeus em Jerusalém Oriental -a parte árabe da cidade que foi ocupada por Israel em 1967. A segurança israelense foi reforçada este mês, quando acontecem festividades judaicas. As fronteiras do país com os territórios palestinos estão fechadas.
A suicida era do campo de refugiados de Askar, perto de Nablus (Cisjordânia), cidade que foi alvo de ação de Israel contra militantes da Al Aqsa na semana passada. Não está claro como ela conseguiu entrar em Israel.
Zainab Abu Salem, 19, é a oitava mulher-bomba a atacar Israel. Ela tinha acabado de concluir os exames do ensino médio.
Segundo testemunhas, a terrorista se dirigia a uma parada de carona, frequentada por muitos judeus. Vestindo um véu, Zainab carregava na sua bolsa entre 3kg e 5 kg de explosivos. Os policiais suspeitaram e tentaram inspecioná-la. A terrorista discutiu e, segundos depois, quando os dois se aproximaram, fez um movimento com a cabeça para trás e se explodiu, matando os policiais.
Segundo o governo de Israel, se não fosse pelos dois policiais que a abordaram, o dimensão do ataque seria muito maior.
O último atentado em Jerusalém ocorreu em 22 de fevereiro. Já o mais recente ataque terrorista em Israel foi em 31 de agosto.
"Em muitos casos, nós conseguimos impedir desastres. Algumas vezes, ocorre algo como o atentado de hoje. Mas pretendemos continuar a nossa luta contra o terrorismo com todas as forças", afirmou Sharon ao comentar o atentado de ontem.
O premiê palestino, Ahmed Korei, condenou o ataque: "Esses atos são contrários ao nosso interesse nacional e dão a Israel a desculpa para continuar seus assassinatos, suas incursões, seus ataques contra palestinos civis e a construção do muro e de assentamentos", afirmou.
A família da suicida deixou a casa dela em Nablus ontem, temendo que o local seja derrubado pelo Exército israelense em retaliação ao atentado. Israel tem como prática demolir a casa dos parentes dos terroristas como uma advertência para que outras pessoas pensem duas vezes antes de cometer um ataque.

Gaza
Sharon disse ontem que pretende colocar em votação o seu plano para a retirada de Gaza entre o fim de outubro e o começo de novembro. Em entrevista, o premiê disse a remoção ocorrerá no próximo verão (no hemisfério norte) e deve durar 12 semanas.
Nos EUA, o secretário de Estado Colin Powell afirmou que Korei deve ter assumir o controle de Gaza depois da saída de Israel "porque Arafat não é capaz".
Em reunião em Nova York, os integrantes do Quarteto -grupo de apoio às negociações de paz composto pela ONU, EUA, Rússia e União Européia- disseram compartir da proposta do presidente americano, George W. Bush, que pede que Israel congele a construção dos assentamentos judaicos. Israel anunciou uma série de expansões dessas colônias na Cisjordânia nos últimos meses.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Diplomacia: Amorim se diz otimista sobre Brasil na ONU
Próximo Texto: Barrado no baile: Cantor é impedido de entrar nos EUA por suposto vínculo terrorista
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.