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Brasília pede reunião sobre cerco no Conselho de Segurança da ONU
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Após reunião com membros
da OEA (Organização dos Estados Americanos) na sede da
missão brasileira em Nova
York, o Brasil enviou ontem
uma carta ao Conselho de Segurança da ONU. O país solicitou a realização de uma reunião
do órgão para garantir a segurança do presidente deposto,
Manuel Zelaya, da Embaixada
brasileira em Honduras e de
seus funcionários.
"É importante que se envolva
o Conselho de Segurança porque os golpistas estão exagerando, estão quase pedindo que
o presidente eleito peça desculpas por estar em Honduras",
afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que faz hoje o
discurso inaugural da Assembleia Geral da ONU.
Antes da reunião, o chanceler
Celso Amorim disse que a medida é uma precaução depois
que o governo interino cortou
luz, água e determinou toque
de recolher na cidade. "Isso é
extremamente grave. Nós estamos numa situação peculiar
porque estamos lidando com
um governo que não é reconhecido pela comunidade internacional", disse Amorim.
O Brasil procurou a Cruz
Vermelha, o Pnud (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a embaixada
americana para medidas práticas de auxílio ao pessoal que está na embaixada.
Apesar de ter dito mais cedo
de que um ataque à embaixada
"seria prova de selvageria em
termos internacionais, que
mesmo esse governo não vai fazer", Amorim afirmou após a
reunião com membros da OEA
que "há rumores de que [o governo interino] suspenderia a
vigência da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas
[que garante a inviolabilidade
das embaixadas estrangeiras].
"Já há pareceres da Corte Internacional de Justiça que até
em casos de rompimento das
relações diplomáticas, as imunidades diplomáticas persistem. As notas que recebemos
do governo de fato indicam
uma tentativa de desqualificar
as imunidades, o que é uma total loucura. Por isso mesmo
achamos importante ter essa
reunião do Conselho de Segurança", afirmou.
Em entrevista na manhã de
ontem, o presidente Lula disse
ser a favor de uma saída negociada para o conflito. Lula conversou com Zelaya e o aconselhou a evitar qualquer gesto
que possa servir de pretexto para uma reação dos golpistas.
"Não podemos aceitar que
por divergências políticas as
pessoas se achem no direito de
depor um presidente democraticamente eleito. Se gostam ou
não gostam [de Zelaya], na eleição você troca. O que você não
pode é aceitar o fato de um golpista se achar no direito de ser
presidente sem disputar as
eleições", disse.
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