São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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EUA garantem a segurança de embaixada

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Os Estados Unidos disseram que garantirão a segurança dos diplomatas e da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, se a situação chegar a esse ponto. A declaração foi feita ontem pelo porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
Brasil e EUA temem que Roberto Micheletti e o regime golpista possam desrespeitar os tratados internacionais que garantem a inviolabilidade das embaixadas ou, pior, que façam vista grossa para tentativas de aliados de fazer isso.
O pedido de eventual ajuda foi feito pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim, e teve resposta positiva da colega americana, Hillary Clinton. De todos os países da região, os EUA foram o único a manter embaixador em Tegucigalpa após o golpe de junho, e sua embaixada é de longe a mais bem-equipada.
Indagado ontem sobre o assunto, Ian Kelly, porta-voz da Chancelaria americana, disse em Washington: "O Brasil é um parceiro e aliado valioso, e queremos fazer tudo o que pudermos para garantir a segurança dos diplomatas brasileiros lá e a segurança da embaixada".
Kelly não quis especular se Zelaya também encontraria abrigo na embaixada dos EUA, caso corresse risco na representação do Brasil.
Ontem, ganharam força rumores de que o governo brasileiro sabia das intenções de Manuel Zelaya de voltar a Honduras com mais antecedência do que revelou -e, se não o encorajou, pelo menos não o dissuadiu ou, no mínimo, garantiu abrigo caso ele insistisse em levar a cabo a missão.
O Itamaraty nega ter tido conhecimento prévio das intenções de Zelaya, e diplomatas americanos aceitaram a palavra brasileira. O número um do Departamento de Estado para a América Latina e indicado por Obama para a Embaixada dos EUA em Brasília, Thomas Shannon, passou a tarde de ontem em contato com diplomatas do Brasil e da região, segundo relato de P.J. Crowley, da Chancelaria americana.
Crowley diz que os EUA estão lidando com os fatos tais como eles se apresentaram. "Nós não sabemos como o presidente Zelaya voltou ao país, mas ele voltou", disse, em encontro com a imprensa em Nova York, onde Shannon também está.
"Nós estamos pensando em como isso aconteceu e estamos tendo uma série de conversas" a respeito da volta de Zelaya, disse Crowley. "Mas a questão real é o que acontece de agora em diante." Essa posição foi adotada por todo o time diplomático americano, que considerou o evento uma oportunidade de fazer avançar o Acordo de San José, que prevê a volta negociada de Zelaya ao poder.
Posição semelhante tem o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza. "A volta dele aumenta a tensão, não se pode negar, mas também cria uma grande oportunidade", disse, em Nova York.


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