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EUA garantem a segurança de embaixada
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Os Estados Unidos disseram
que garantirão a segurança dos
diplomatas e da Embaixada do
Brasil em Tegucigalpa, se a situação chegar a esse ponto. A
declaração foi feita ontem pelo
porta-voz do Departamento de
Estado norte-americano.
Brasil e EUA temem que Roberto Micheletti e o regime golpista possam desrespeitar os
tratados internacionais que garantem a inviolabilidade das
embaixadas ou, pior, que façam
vista grossa para tentativas de
aliados de fazer isso.
O pedido de eventual ajuda
foi feito pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim, e teve resposta positiva da colega americana, Hillary Clinton. De todos
os países da região, os EUA foram o único a manter embaixador em Tegucigalpa após o golpe de junho, e sua embaixada é
de longe a mais bem-equipada.
Indagado ontem sobre o assunto, Ian Kelly, porta-voz da
Chancelaria americana, disse
em Washington: "O Brasil é um
parceiro e aliado valioso, e queremos fazer tudo o que pudermos para garantir a segurança
dos diplomatas brasileiros lá e a
segurança da embaixada".
Kelly não quis especular se
Zelaya também encontraria
abrigo na embaixada dos EUA,
caso corresse risco na representação do Brasil.
Ontem, ganharam força rumores de que o governo brasileiro sabia das intenções de
Manuel Zelaya de voltar a Honduras com mais antecedência
do que revelou -e, se não o encorajou, pelo menos não o dissuadiu ou, no mínimo, garantiu
abrigo caso ele insistisse em levar a cabo a missão.
O Itamaraty nega ter tido conhecimento prévio das intenções de Zelaya, e diplomatas
americanos aceitaram a palavra brasileira. O número um do
Departamento de Estado para
a América Latina e indicado
por Obama para a Embaixada
dos EUA em Brasília, Thomas
Shannon, passou a tarde de ontem em contato com diplomatas do Brasil e da região, segundo relato de P.J. Crowley, da
Chancelaria americana.
Crowley diz que os EUA estão lidando com os fatos tais como eles se apresentaram. "Nós
não sabemos como o presidente Zelaya voltou ao país, mas ele
voltou", disse, em encontro
com a imprensa em Nova York,
onde Shannon também está.
"Nós estamos pensando em
como isso aconteceu e estamos
tendo uma série de conversas"
a respeito da volta de Zelaya,
disse Crowley. "Mas a questão
real é o que acontece de agora
em diante." Essa posição foi
adotada por todo o time diplomático americano, que considerou o evento uma oportunidade de fazer avançar o Acordo
de San José, que prevê a volta
negociada de Zelaya ao poder.
Posição semelhante tem o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza. "A
volta dele aumenta a tensão,
não se pode negar, mas também cria uma grande oportunidade", disse, em Nova York.
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