São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Possíveis sucessores sintetizam contradição entre costa e interior

DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

A política de reforma econômica, abertura ao exterior e prioridade ao crescimento não deverá mudar quando Xi Jinping e Li Keqiang assumirem o comando da China, em 2012. Ambos são considerados comprometidos com o processo de reforma iniciado em 1978 sob o comando de Deng Xiaoping, que transformou o país na potência ascendente do século 21.
Secretário-geral do partido em Xangai, Xi Jinping comandou outras Províncias da costa leste que se destacaram pelo rápido crescimento econômico e uma política favorável à atração de investimentos. Entre 2002 e 2007, foi o chefe do partido em Zhejiang, onde o setor privado responde por mais de dois terços do PIB. Antes, ocupou vários cargos de direção em Fujian, na costa sul, uma das primeiras Províncias a serem abertas ao investimento estrangeiro, na década de 80.
Li Keqiang passou o início de sua carreira na Liga da Juventude Comunista, onde Hu Jintao exerce grande influência. Depois ocupou cargos de liderança em Henan (1998-2004) e Liaoning, onde dirige o PC desde 2004. Ambas são regiões mais pobres e com problemas sociais bem mais graves.
Mais populosa Província da China, com 95 milhões de habitantes, Henan foi no início dos anos 90 palco de uma das grandes tragédias recentes do país. Milhares de camponeses foram infectados com o vírus HIV ao venderem sangue a clínicas que não usavam agulhas descartáveis -um rentável esquema de chefes locais do partido.
Com empresas estatais gigantescas e ineficientes, Liaoning foi uma das Províncias mais afetadas com o processo de reforma. Milhares de trabalhadores perderam o emprego e a viram desmoronar a rede de segurança social estatal.
Com suas trajetórias diferentes, Xi Jinping e Li Keqiang são muitas vezes vistos como detentores de perfis complementares. A incógnita é saber se os futuros líderes estarão mais inclinados que os atuais a realizar reformas políticas.
Tanto Xi Jinping quanto Li Keqiang integram a chamada "geração perdida", que chegou à juventude durante a Revolução Cultural (1966-1976) e teve de interromper seu processo formal de educação para trabalhar no campo. Hoje, no entanto, compõem o grupo mais bem preparado do ponto de vista educacional a dirigir a China.
A maioria deles tem formação em ciências humanas, ao contrário da terceira e da quarta geração de líderes, formada basicamente por tecnocratas.
Li Cheng, professor do Hamilton College de Nova York, acredita que a formação em ciências humanas poderá fazer a nova geração mais aberta a reformas de caráter político -às quais o partido resiste. Li Cheng afirma ainda que a futura geração de líderes foi mais exposta a valores ocidentais do que as anteriores, o que poderia aumentar sua disposição para mudanças políticas. (CT)


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