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Possíveis sucessores sintetizam contradição entre costa e interior
DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
A política de reforma econômica, abertura ao exterior e
prioridade ao crescimento não
deverá mudar quando Xi Jinping e Li Keqiang assumirem o
comando da China, em 2012.
Ambos são considerados comprometidos com o processo de
reforma iniciado em 1978 sob o
comando de Deng Xiaoping,
que transformou o país na potência ascendente do século 21.
Secretário-geral do partido
em Xangai, Xi Jinping comandou outras Províncias da costa
leste que se destacaram pelo rápido crescimento econômico e
uma política favorável à atração de investimentos. Entre
2002 e 2007, foi o chefe do partido em Zhejiang, onde o setor
privado responde por mais de
dois terços do PIB. Antes, ocupou vários cargos de direção
em Fujian, na costa sul, uma
das primeiras Províncias a serem abertas ao investimento
estrangeiro, na década de 80.
Li Keqiang passou o início de
sua carreira na Liga da Juventude Comunista, onde Hu Jintao exerce grande influência.
Depois ocupou cargos de liderança em Henan (1998-2004) e
Liaoning, onde dirige o PC desde 2004. Ambas são regiões
mais pobres e com problemas
sociais bem mais graves.
Mais populosa Província da
China, com 95 milhões de habitantes, Henan foi no início dos
anos 90 palco de uma das grandes tragédias recentes do país.
Milhares de camponeses foram
infectados com o vírus HIV ao
venderem sangue a clínicas que
não usavam agulhas descartáveis -um rentável esquema de
chefes locais do partido.
Com empresas estatais gigantescas e ineficientes, Liaoning foi uma das Províncias
mais afetadas com o processo
de reforma. Milhares de trabalhadores perderam o emprego
e a viram desmoronar a rede de
segurança social estatal.
Com suas trajetórias diferentes, Xi Jinping e Li Keqiang são
muitas vezes vistos como detentores de perfis complementares. A incógnita é saber se os
futuros líderes estarão mais inclinados que os atuais a realizar
reformas políticas.
Tanto Xi Jinping quanto Li
Keqiang integram a chamada
"geração perdida", que chegou
à juventude durante a Revolução Cultural (1966-1976) e teve
de interromper seu processo
formal de educação para trabalhar no campo. Hoje, no entanto, compõem o grupo mais bem
preparado do ponto de vista
educacional a dirigir a China.
A maioria deles tem formação em ciências humanas, ao
contrário da terceira e da quarta geração de líderes, formada
basicamente por tecnocratas.
Li Cheng, professor do Hamilton College de Nova York,
acredita que a formação em
ciências humanas poderá fazer
a nova geração mais aberta a reformas de caráter político -às
quais o partido resiste. Li
Cheng afirma ainda que a futura geração de líderes foi mais
exposta a valores ocidentais do
que as anteriores, o que poderia
aumentar sua disposição para
mudanças políticas.
(CT)
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