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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Aliança com EUA ajuda economia turca a suportar perda com terror

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

A economia da Turquia, que está em pleno processo de recuperação, deverá escapar ilesa dos ataques terroristas da última quinta-feira em Istambul, embora ainda possa vir a sofrer se houver uma nova onda de violência. Entre os analistas, espera-se que agora, mais do que nunca, a aliança com os EUA seja uma proteção para a economia do país.
"Provavelmente agora deve aumentar o compromisso da comunidade internacional com a Turquia, especialmente do Fundo Monetário Internacional e dos EUA", disse Nick Eisinger, analista sênior para a Turquia da agência de risco Fitch Ratings.
A lira turca e a cotação dos papéis da dívida do país, que caíram fortemente na quinta-feira, anteontem já mostravam sinais de recuperação. Há dúvidas, porém, sobre o impacto que os atentados poderão ter sobre o turismo, que nos últimos 12 meses proporcionou uma receita de cerca de US$ 9 bilhões -2,5% do PIB do país.
EUA, Reino Unido, Austrália, Alemanha e França já alertaram seus cidadãos sobre o risco de viajar à Turquia neste momento. Para Eisinger, uma queda temporária no fluxo de turistas não terá um efeito significativo, porque a temporada de verão no hemisfério Norte já terminou e a atividade no setor cairia normalmente.
A Fitch manteve a previsão de que a economia turca deva crescer 5% neste ano; para a Merrill Lynch, a estimativa é ainda maior. Segundo Eisinger, se houver novos atentados, a situação pode ficar preocupante, por causa do impacto que teriam sobre o sentimento dos investidores.
A Bolsa de Istambul caiu 7% devido aos atentados, mas Eisinger disse que a queda não foi significativa, porque a Bolsa turca é muito volátil. Richard Segal, analista da corretora Exotix, do grupo Icap, acredita que dificilmente alguma empresa ou investidor venha a sair do país, porque os ataques terroristas não têm sido dirigidos só contra a Turquia.
Em setembro, os EUA anunciaram um pacote de empréstimos de US$ 8,5 bilhões, com juros subsidiados, à Turquia, como uma espécie de compensação por perdas que a economia do país sofreu com a Guerra do Iraque. Mas o empréstimo está vinculado à implementação de reformas, e até agora a Turquia não fez nenhum saque. "Se houver algum problema de liquidez de curto prazo ou dificuldades nos mercados domésticos, parte desses empréstimos será usada", avalia Eisinger.
Em 2001, a Turquia passou por uma séria crise, e a economia do país encolheu 7,5%. No ano passado, fechou um novo acordo com o FMI, que prevê socorro de US$ 16 bilhões. A liberação de parcelas de recursos depende de revisões para avaliar o respeito às metas de ajuste.
Apesar do crescimento da economia e dos ganhos de receita tributária, no entanto, dificilmente o país atingirá o superávit primário acertado de 6,5%. A Fitch prevê que esse resultado fique em 5% do PIB, mas confia na liberação de mais uma parcela de recursos do Fundo após a revisão do programa, prevista para dezembro.



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