São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Kirchner demite chefe de inteligência

Militar teria feito lobby por demissão de ministra da Defesa; ex-delegado é preso por desaparecimentos

O governo argentino se valeu de espionagem contra o chefe de inteligência do Exército, general Osvaldo Montero, e decidiu demiti-lo por supostamente conduzir operações para impedir que a ministra da Defesa, Nilda Garré, continuasse em seu cargo, segundo publicaram ontem jornais argentinos.
A decisão de demitir Montero foi tomada depois que a Side (Secretaria de Inteligência do Estado) revelou escutas telefônicas em que o general discutia com pessoas próximas ao atual ministro do Interior, Aníbal Fernández, a possibilidade de que ele substituísse Garré no governo Cristina Kirchner.
A operação de Montero teve o efeito oposto; fez com que, revertendo a tendência inicial, o governo decidisse manter Garré em seu posto. Fernández também continuará no governo Cristina, agora à frente da pasta da Justiça.
A espionagem e a demissão do chefe de inteligência constituem um novo capítulo na tumultuada relação do governo Kirchner com as Forças Armadas. Alguns setores vêem com desagrado a política revisionista de direitos humanos do presidente e há uma unânime reclamação de que há poucos recursos para Exército, Marinha e Aeronáutica.
Garré assumiu o Ministério da Defesa em dezembro de 2005. Antes, era embaixadora da Argentina na Venezuela. A demissão de Montero deixa em situação delicada o comandante do Exército, general Roberto Bendini, que era próximo dele.

Prisão
O ex-delegado Luis Patti foi preso ontem ao ir depor sobre supostos crimes cometidos durante a última ditadura militar argentina (1976-1983). Patti é acusado de ser responsável pelo desaparecimento de ao menos quatro pessoas na delegacia que chefiava, em Escobar (Grande Buenos Aires).
A defesa de Patti havia contestado a possibilidade de ele ser julgado em primeira instância por possuir foro privilegiado, já que foi eleito deputado em 2005. A Câmara dos Deputados, porém, negou a posse a Patti, em causa que ainda tramita na Justiça; ele teve seu pedido de foro privilegiado negado e a prisão ordenada.
Patti disputou neste ano as eleições ao governo de Buenos Aires, mas teve pouco mais de 1% dos votos.


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