|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rafael Correa suspende por três dias rede de TV crítica
Equador afirma que decisão se deveu a
veiculação de informações incorretas
Suspensão ocorre em meio à
discussão sobre nova lei de
mídia; opositores criticaram
a medida e abandonaram
seu debate no Legislativo
DA REDAÇÃO
Sob alegação de veiculação
de informações incorretas, o
governo do Equador suspendeu ontem, por três dias, as
transmissões da Teleamazonas, um dos principais canais
privados de TV do país, crítico à
gestão do presidente esquerdista Rafael Correa.
A decisão da Superintendência de Telecomunicações, órgão do governo, ecoou no Legislativo do país, que promovia
ontem o primeiro dia de discussões sobre a nova Lei de Comunicação e Informação, impulsionada por Correa.
A sessão na Assembleia Nacional durou apenas 20 minutos. Com a notícia da suspensão
da emissora, representantes da
oposição -que para abrir a discussão haviam acordado com o
governo a retirada de trechos
polêmicos do projeto- deixaram o plenário aos gritos de "liberdade".
A sanção à Teleamazonas foi
baseada na atual lei de rádio e
TV do país, feita sob a ditadura
de Guillermo Rodriguez Lara
(1972-1976) e que permite ao
governo fechar rádios e TVs.
Aponta como incorreta a veiculação, em maio, de uma notícia
sobre interferência da exploração de gás pela petroleira venezuelana PDVSA na atividade
pesqueira de uma ilha.
A emissora saiu do ar às
17h08 de ontem, registrando
antes que acatava a ordem "sob
protesto". "Nos reservamos o
direito de iniciar ações civis e
penais contra autoridades que
adotaram essa resolução", dizia
mensagem veiculada pela TV.
Mudanças no setor
Criada em 1974 com a primeira rede de TV a cores do
Equador, a Teleamazonas está
sob pressão do governo desde
2008. A nova Constituição do
país, aprovada no ano passado,
proibiu a participação de empresas do sistema financeiro
em meios de comunicação. Por
isso, a emissora, do Grupo Banco del Pichincha, tem menos de
um ano para trocar de dono.
Com a nova lei de mídia em
discussão no Legislativo, o governo pretende ajustar o marco
legal do setor à nova Constituição. O texto do governo, contudo, recebeu críticas por querer
impor uma espécie de "lei da
mordaça" sobre a imprensa, já
classificada por Correa como
"seu principal inimigo".
Após quase dois meses de polêmicas sobre o projeto, a bancada governista abriu mão de
pontos mais controversos, como representação direta do
Executivo no futuro órgão regulador do setor e atribuição a
esse órgão de poder de sanção
contra meios de comunicação.
Segundo o jornal "El Universo", também crítico a Correa, a
suspensão do sinal da Teleamazonas motivou o rompimento
do acordo entre governo e oposição que nortearia a discussão
da nova lei e havia ajudado a
acalmar os ânimos sobre o tema. A discussão no Legislativo
deverá ser retomada apenas no
próximo dia 5.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Banqueiro venezuelano pede asilo aos EUA Próximo Texto: Argentina: Após críticas, Néstor Kirchner acusa Grupo Clarín de mentir Índice
|