São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Saída do Iraque pode atrasar, admitem EUA

Comandante das forças americanas no país diz ter plano de contingência caso situação iraquiana piore após pleito do dia 7

Retirada das tropas de combate está prevista para agosto; apesar de ressalva, general afirma que espera manter cronograma inicial

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O general Ray Odierno, o comandante das forças americanas no Iraque, afirmou que trabalha com um plano de contingência caso haja um aumento da instabilidade política e da violência após as eleições marcadas para o dia 7 de março no país do Oriente Médio. Na prática, isso significaria um atraso no cronograma de retirada das tropas dos EUA do país.
Segundo cronograma anunciado pelo presidente Barack Obama, as forças de combate devem deixar o país até o fim de agosto. A partir de então, permaneceriam 50 mil soldados americanos até o fim de 2011 com a função de treinar as forças iraquianas, desempenhar operações de contraterrorismo e ajudar em projetos civis.
Os EUA assinaram um acordo com o governo iraquiano que prevê a retirada total das tropas até o final de 2011. Segundo Odierno, não há qualquer discussão em vigor para alterar esse prazo.
Os EUA contam hoje com um efetivo de 96 mil soldados no Iraque, o menor patamar desde a invasão do país, em 2003. No auge, em outubro de 2007, a presença americana no Iraque chegou a 166 mil soldados.
No ano passado, os EUA já haviam retirado as tropas do patrulhamento das cidades e deixado a tarefa com as forças iraquianas. A transição foi festejada nas ruas.
Apesar das ressalvas, o general Odierno afirmou estar otimista com a situação e disse que espera seguir o cronograma anunciado por Obama. Ele ressaltou que a retirada está caminhando em ritmo mais rápido do que o previsto. De acordo com o plano inicial, restariam agora 115 mil soldados.
Odierno afirmou, no entanto, que o atraso poderia ocorrer "se algo acontecer" no país dentro de dois ou três meses. O ponto-chave dessa decisão é o resultado das eleições. Nas semanas que antecedem a votação, ocorreram atentados contra xiitas que foram atribuídos à insurgência sunita do país. Os EUA temem que o resultado possa ser afetado por boicotes políticos, baixo percentual de comparecimento às urnas e aumento da violência.
A retirada das tropas do Iraque faz parte da estratégia do governo Obama de concentrar a atuação militar no Afeganistão e no Paquistão. Gates minimizou as chances de uma prorrogação da estadia no Iraque. "Nós teríamos de ver uma deterioração realmente considerável da situação no Iraque, e nós certamente não vemos isso neste momento", disse.
Ainda assim, em evento do Council on Foreign Relations na semana passada, o embaixador dos EUA em Bagdá, Chris Hill, lembrou das dificuldades enfrentadas em 2005, quando o premiê Nuri al Maliki levou meses para compor o governo.
"Existe uma grande preocupação em Washington (...) sobre a questão de quanto tempo levará a formação desse novo governo", afirmou.
Hill disse que o vácuo de poder em 2005 permitiu a formação de uma nova insurgência. "O novo governante tem a responsabilidade de administrar as forças de segurança agora e precisará estar alerta."


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