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Saída do Iraque pode atrasar, admitem EUA
Comandante das forças americanas no país diz ter plano de contingência caso situação iraquiana piore após pleito do dia 7
Retirada das tropas de combate está prevista para agosto; apesar de ressalva, general afirma que espera manter cronograma inicial
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O general Ray Odierno, o comandante das forças americanas no Iraque, afirmou que trabalha com um plano de contingência caso haja um aumento
da instabilidade política e da
violência após as eleições marcadas para o dia 7 de março no
país do Oriente Médio. Na prática, isso significaria um atraso
no cronograma de retirada das
tropas dos EUA do país.
Segundo cronograma anunciado pelo presidente Barack
Obama, as forças de combate
devem deixar o país até o fim de
agosto. A partir de então, permaneceriam 50 mil soldados
americanos até o fim de 2011
com a função de treinar as forças iraquianas, desempenhar
operações de contraterrorismo
e ajudar em projetos civis.
Os EUA assinaram um acordo com o governo iraquiano
que prevê a retirada total das
tropas até o final de 2011. Segundo Odierno, não há qualquer discussão em vigor para
alterar esse prazo.
Os EUA contam hoje com um
efetivo de 96 mil soldados no
Iraque, o menor patamar desde
a invasão do país, em 2003. No
auge, em outubro de 2007, a
presença americana no Iraque
chegou a 166 mil soldados.
No ano passado, os EUA já
haviam retirado as tropas do
patrulhamento das cidades e
deixado a tarefa com as forças
iraquianas. A transição foi festejada nas ruas.
Apesar das ressalvas, o general Odierno afirmou estar otimista com a situação e disse
que espera seguir o cronograma anunciado por Obama. Ele
ressaltou que a retirada está caminhando em ritmo mais rápido do que o previsto. De acordo
com o plano inicial, restariam
agora 115 mil soldados.
Odierno afirmou, no entanto, que o atraso poderia ocorrer
"se algo acontecer" no país dentro de dois ou três meses. O
ponto-chave dessa decisão é o
resultado das eleições. Nas semanas que antecedem a votação, ocorreram atentados contra xiitas que foram atribuídos
à insurgência sunita do país. Os
EUA temem que o resultado
possa ser afetado por boicotes
políticos, baixo percentual de
comparecimento às urnas e aumento da violência.
A retirada das tropas do Iraque faz parte da estratégia do
governo Obama de concentrar
a atuação militar no Afeganistão e no Paquistão. Gates minimizou as chances de uma prorrogação da estadia no Iraque.
"Nós teríamos de ver uma deterioração realmente considerável da situação no Iraque, e nós
certamente não vemos isso
neste momento", disse.
Ainda assim, em evento do
Council on Foreign Relations
na semana passada, o embaixador dos EUA em Bagdá, Chris
Hill, lembrou das dificuldades
enfrentadas em 2005, quando o
premiê Nuri al Maliki levou
meses para compor o governo.
"Existe uma grande preocupação em Washington (...) sobre a questão de quanto tempo
levará a formação desse novo
governo", afirmou.
Hill disse que o vácuo de poder em 2005 permitiu a formação de uma nova insurgência.
"O novo governante tem a responsabilidade de administrar
as forças de segurança agora e
precisará estar alerta."
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