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Lista de santuários israelenses irrita palestinos
Inclusão de túmulos localizados na Cisjordânia em rol de patrimônios de Israel gera até chamado a intifada
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
A decisão do governo de Israel de incluir dois disputados
santuários religiosos situados
em território ocupado da Cisjordânia na lista do patrimônio
nacional do país provocou críticas da ONU e alertas dos palestinos para o risco de um novo
ciclo de confrontos.
Rachada por profundas diferenças internas, a liderança palestina em Gaza e na Cisjordânia reagiu com indignação, acusando Israel de um plano para
apropriar-se de locais sagrados
para o islã.
Os dois locais bíblicos, o Túmulo dos Patriarcas de Hebron
e o Túmulo de Raquel, em Belém, são considerados sagrados
por judeus e muçulmanos e
constituem foco constante de
tensão. Ambos ficam em áreas
controladas por Israel que os
palestinos reivindicam como
parte de seu futuro Estado.
O anúncio que irritou os palestinos foi feito no domingo
pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Ele atendeu ao
pedido do partido ultraortodoxo Shas e de grupos de colonos
judeus de adicionar locais de
culto do Velho Testamento a
um programa de reformas do
patrimônio nacional.
No dia seguinte, palestinos
entraram em choque com soldados israelenses em Hebron.
Em Belém foi decretada greve
geral de três dias.
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, disse ontem
que por trás do anúncio de Netanyahu há um plano israelense de "roubar" o legado palestino. "É uma provocação séria,
que pode levar a uma guerra religiosa", alertou.
Na faixa de Gaza, um dos líderes do grupo radical Hamas,
que controla o território, pediu
uma nova intifada (rebelião).
O governo de Israel diz que
apenas cumpre com a sua obrigação de garantir a liberdade de
culto a todas as religiões nos locais sagrados, e acusou os palestinos de montar "uma campanha de mentiras e hipocrisia". O plano de Israel prevê R$
243 milhões para reabilitar cerca de 150 "sítios arqueológicos
e de legado sionista".
O Túmulo dos Patriarcas, em
Hebron, é o segundo local mais
sagrado para o judaísmo, depois do Muro das Lamentações,
em Jerusalém. É chamado pelos muçulmanos de mesquita al
Ibrahimi, já que Abraão também é considerado o pai do islã.
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