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PRISIONEIROS DE GUERRA
Segundo a entidade, detidos não podem ser expostos à "curiosidade pública"
Cruz Vermelha condena exibição
DA REDAÇÃO
O Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (CICV) disse ontem que a exibição de imagens feitas pela TV iraquiana de militares
americanos presos e mortos seria
caracterizada como uma violação
da Convenção de Genebra relativa ao tratamento de prisioneiros e
vítimas de guerra.
"O artigo 13 da Convenção de
Genebra diz claramente que prisioneiros de guerra devem ser
protegidos em todas as circunstâncias contra insultos e a curiosidade pública", disse Nada Doumani, porta-voz do CICV, baseado em Genebra (Suíça).
A TV por satélite árabe Al Jazeera reproduziu imagem da TV iraquiana na qual militares norte-americanos detidos por forças
iraquianas são entrevistados.
Também há imagens de mortos
vestidos com uniforme militar
num necrotério, identificados como sendo de americanos. A CNN
também as reproduziu.
O secretário de Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, disse que a
Convenção de Genebra proíbe expor prisioneiros de guerra à mídia, tanto no que diz respeito a
imagens quanto a entrevistas. Os
EUA -que confirmaram haver
um grupo de militares desaparecido, mas não deram, ao menos
inicialmente, mais informações- acusaram o Iraque de violar a convenção.
TVs ocidentais como a CNN e a
BBC também mostraram imagens de soldados iraquianos se
rendendo às forças americanas ou
britânicas. Mas elas foram feitas
no momento da rendição ou logo
depois e não posteriormente, com
os prisioneiros já sob total custódia de seus captores.
A Terceira Convenção de Genebra entrou em vigor em 1950, com
o objetivo de garantir os direitos
de prisioneiros e vítimas de guerra. EUA, Reino Unido e Iraque
(principais atores da guerra) são
partes da convenção. Segundo o
artigo 13, prisioneiros de guerra
devem ser tratados de forma humana. Devem ser protegidos contra atos de violência, intimidação,
insultos e da curiosidade pública.
A convenção também determina que entidades independentes
devem ter acesso aos prisioneiros
de guerra, com o objetivo de verificar se eles estão fora de perigo e
recebem tratamento adequado. E
cita especificamente o Comitê Internacional da Cruz Vermelha,
devido a seu histórico de neutralidade e à sua atuação para construir uma legislação sobre os direitos das vítimas de guerra.
Segundo outra porta-voz do
CICV, Florian Westphal, o comitê
anda não foi oficialmente informado da existência de prisioneiros de guerra por nenhum dos
dois lados em conflito, outra determinação da convenção.
Westphal disse esperar que tanto o Iraque quanto a coalizão liderada pelos Estados Unidos hon-rem suas obrigações.
O CICV, uma das únicas organizações internacionais de ajuda
atuantes em território iraquiano,
pretende visitar os prisioneiros de
guerra de ambos os lados o quanto antes. Há dez funcionários do
comitê da Cruz Vermelha estrangeiros trabalhando no país, além
de dezenas de iraquianos.
"Nossa primeira preocupação é
que ambos os lados levem seus
prisioneiros para um local distante da zona de combate. E queremos ter acesso a eles", afirmou
Westphal. Ontem, grupos da
Cruz Vermelha visitaram hospitais em Bagdá e forneceram material hospitalar e remédios.
"O Iraque não tocará nos prisioneiros de guerra e os tratará de
acordo com a Convenção de Genebra", afirmou ontem o ministro da Defesa do Iraque, Sultan
Hashim Ahmed.
A Convenção de Genebra também exige que os prisioneiros de
guerra sejam detidos num local
seguro e adequado, com boas
condições de higiene, e recebam
roupas limpas e adequadas. Sua
alimentação deve ser equivalente
à oferecida para os militares das
forças captoras.
Eles devem ser libertados e repatriados logo após o fim dos
conflitos. Julgamentos só são válidos se forem respeitadas todas as
normas processuais consideradas
adequadas.
Os EUA têm sido criticados pelas condições de tratamento dos
prisioneiros da guerra no Afeganistão detidos na base militar de
Guantánamo, em Cuba.
Apesar de muitos estarem presos há vários meses, não há acusação formal contra eles ou qualquer processo judicial em andamento. Também há polêmica sobre as condições do campo de detenção montado pelos EUA.
Com agências internacionais
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