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Guerra fortaleceu grupo radical que baniu as escolas femininas e a música secular
DA REDAÇÃO
Acusado de dar abrigo a Osama Bin Laden, o regime radical
do Taleban tornou-se foco de
atenção mundial após o 11 de
Setembro. Foi derrubado com
surpreendente facilidade pelas
tropas ocidentais, lideradas pelos EUA, ainda em 2001.
Paradoxalmente, a ofensiva
que afastou do poder o Taleban
contribuiu para internacionalizar o grupo, de origem tribal, e
estreitar seus laços com o "globalismo" islamita.
O Taleban surgiu na fronteira afegã-paquistanesa no final
da década de 1980, reunindo
pashtuns que resistiam à presença soviética no Afeganistão.
Tomou o poder em 1996, vitorioso na guerra civil entre grupos islâmicos que se seguiu à
retirada soviética, em 1989.
A ascensão do Taleban levou
relativa estabilidade ao país devastado pela guerra. Mas, inicialmente bem recebido em
Cabul, o grupo impôs uma interpretação radical da sharia
(lei islâmica), combinando preceitos religiosos com tradições
tribais comuns aos dois lados
da fronteira.
Os líderes do Taleban, formados em escolas religiosas afegãs
e principalmente paquistanesas, almejavam recriar um
mundo sem "corrupção moral"
e vestígios da modernidade.
Realizaram expurgos de funcionários corruptos, ou apenas
não-pashtuns, e perseguiram
implacavelmente minorias.
As regras implacáveis faziam
do Taleban um pária internacional. O grupo baniu escolas
femininas, a TV, o cinema, a
música secular. Implodiu as estátuas dos budas de Bamiyan,
patrimônio da humanidade.
A ideologia radical do Taleban jamais seduziu a maioria
no país; sempre foi sectária e
regional. A invasão americana,
porém, fortaleceu seu apelo.
"Taleban paquistanês"
O apoio de Islamabad à ofensiva dos EUA acirrou os conflitos na região paquistanesa da
fronteira, habitada por pashtuns. O cinturão tribal é foco do
movimento pela imposição da
sharia no Paquistão, o TSNM,
que recrutou insurgentes contra os ocidentais.
A prisão do fundador do
TSNM, Sufi Muhammad, em
2001, aprofundou a radicalização do movimento. Sob liderança de seu genro, Fazlullah, o
grupo uniu-se ao Taleban. Os
ataques no Afeganistão também agravaram os conflitos no
Paquistão, onde líderes do Taleban buscaram refúgio.
O chamado "Taleban paquistanês", porém, divide-se quanto à insurgência global preconizada por Fazlullah. Libertado
em 2008, Muhammad lidera o
setor regionalista, que concentra-se na defesa da sharia nas
regiões tribais. São os chamados "moderados".
Muhammad foi artífice do
acordo que selou, em fevereiro,
um "cessar-fogo permanente"
no vale do Swat, com a criação
de tribunais islâmicos e a suspensão da campanha militar
paquistanesa.
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