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Como comandante-em-chefe, Obama rompe com estilo de Bush
DO "NEW YORK TIMES"
Barack Obama raramente
-ou nunca- usa a expressão
"guerra ao terror". Embora receba, como outros presidentes
antes, um briefing ultrassecreto diário de inteligência, esse
não é necessariamente o primeiro item de sua agenda. E, ao
enviar 17 mil soldados adicionais ao Afeganistão, ele anunciou a notícia num comunicado
escrito, não em discurso.
Ao se encaminhar para sua
próxima grande decisão como
comandante-em-chefe -a nova estratégia para o Afeganistão-, Obama, por necessidade
e temperamento, está cumprindo o papel de maneira nitidamente diferente de seu antecessor, George W. Bush.
É claro que ele lidera em
tempos muito distintos. Bush
forjou sua identidade de comandante-em-chefe nos ataques do 11 de Setembro. Obama
enfrenta não apenas duas guerras, mas também uma economia mundial aos frangalhos.
Mas, enquanto Bush frequentemente se descrevia como "presidente de tempo de
guerra", essa frase parece inexistir no léxico de Obama.
A mudança fica clara nas programações diárias dos dois.
A primeira pessoa que Bush
via todas as manhãs era seu assessor de Segurança Nacional,
Stephen Hadley. E o briefing
ultrassecreto de inteligência
ocupava um lugar sacrossanto
em sua agenda: 8h00. Já Obama acrescentou à programação
presidencial um briefing sobre
economia, e o horário de suas
sessões de inteligência varia
-ocasionalmente o briefing de
economia vem antes.
Obama também suspendeu a
prática de ter videoconferências semanais com os comandantes em campo no Iraque
-sinal de que as condições no
país melhoraram, mas também
sinal de mudança de estilo. E,
se Bush tinha videoconferências rotineiras com o premiê
iraquiano, Nuri al Maliki, e o
presidente afegão, Hamid Karzai, Obama mantém contatos
menos pessoais com eles.
Ouvinte
O estilo de Obama também é
diferente na tomada de decisões. Ele "é mais analítico e toma o cuidado de ouvir a opinião
de todos sobre cada questão",
disse o secretário da Defesa,
Robert Gates, que trabalhou
para os dois presidentes, à
NBC. Bush, afirmou, "se interessava por pontos de vista diferentes, mas não fazia questão
de que todos se expressassem".
A primeira visita de Obama à
sala de reuniões do Pentágono
não versou só sobre Iraque e
Afeganistão. "Foi menos uma
reunião sobre as guerras e mais
uma chance de o novo comandante-em-chefe conhecer seus
generais", disse o porta-voz do
Pentágono, Geoff Morrell. "Foi
uma conversa enérgica e sofisticada sobre ameaças globais."
Mas o peso da liderança militar está longe de ter desaparecido. Em entrevista ao "60 Minutes" levada ao ar no domingo na
CBS, Obama disse que o envio
de mais tropas ao Afeganistão
foi a decisão mais difícil de sua
incipiente Presidência. E como
Bush, Obama envia cartas às famílias dos soldados mortos em
campo. Ele as assina "Barack".
Tradução de CLARA ALLAIN
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