São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equador entra hoje para bloco regional de inspiração chavista

Rafael Correa formaliza adesão à Alba, sob críticas de subordinar sua política externa à da Venezuela

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente Rafael Correa chega hoje à Venezuela para formalizar a entrada do Equador na Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), bloco de perfil esquerdista comandado pelo colega Hugo Chávez e que reúne também Bolívia, Nicarágua e Cuba.
Dentro do bloco, a principal bandeira de Correa deverá ser a criação de uma moeda comum, já batizada de sucre, em homenagem a Antonio José de Sucre (1795-1830), herói da independência da América espanhola.
Inicialmente, a proposta de Correa é lançar o sucre como sistema de compensação para o pagamento de importações e exportações. A Venezuela tem dito que a moeda levará de 5 a 8 anos para ser criada.
Além dos quatro países já citados, Honduras também faria parte do sucre. Os outros três países-membros, Dominica, São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda não se integrarão ao sistema. Os dois últimos também oficializarão a sua incorporação ao bloco hoje.
"É um espaço de integração que, além de complementar a infraestrutura física, compartilhar projetos energéticos, construir uma nova arquitetura financeira, estabelecer esquemas de comércio justo e solidário, nos permite planificar o desenvolvimento social de forma conjunta e promover nos tribunais regionais para a solução de controvérsias que nos afetam", justificou o chanceler equatoriano, Fander Falconi.
No Equador, a entrada do país no bloco comandado pela Venezuela tem provocado temores do aumento da influência de Chávez no país. Uma das críticas mais recorrentes é de que o anúncio da adesão foi feito pelo presidente venezuelano, e não por Correa.
Outra crítica é o fato de que a Alba é formada por países com os quais o Equador mantém pouca relação comercial -3% do do seu comércio exterior.
"Trata-se de ceder a uma pressão que o governo venezuelano vinha fazendo desde algum tempo no Equador", disse à Folha o analista político César Montúfar, da Universidade Andina Simón Bolívar, de Quito. "A política exterior segue uma linha determinada por Caracas."
Montúfar diz que a decisão não trará nenhum benefício econômico ao Equador, já que os países do bloco têm economias muito parecidas. "Todos os países têm produtos como banana e o petróleo."
A Alba foi criada em 2004 por Cuba e pela Venezuela como uma forma de anti-Alca (Aliança de Livre Comércio das Américas), proposta americana hoje abandonada.


Texto Anterior: Campanha de Kirchner tenta ligar rival ao "pior passado"
Próximo Texto: Obama recebe presidente chilena e elogia Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.